Homem se recupera da Covid-19 após passar 9 semanas em coma
No hospital, o britânico Eli Seliger perdeu 30kg, teve pneumonia três vezes, insuficiência respiratória e coágulos sanguíneos
atualizado
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A história de Eli Seliger, 54 anos, é um exemplo da batalha que muitos pacientes infectados pelo coronavírus precisam enfrentar até a tão esperada recuperação.
O britânico testou positivo para Covid-19 em março de 2020 e, desde então, passou 5 meses internado, sendo que durante nove semanas foi mantido em coma induzido.
Em entrevista ao The Sun, o homem contou que sua família chegou a ser chamada ao hospital para se despedir dele, uma vez que a equipe médica não acreditava que o paciente teria chances de melhora.
Seliger precisou ser colocado em um ventilador mecânico e ficou em coma induzido por mais de dois meses após ser diagnosticado com Covid-19. Durante os cinco meses no hospital, ele perdeu 30kg, pegou pneumonia três vezes, desenvolveu sepse (quando substâncias químicas no sangue provocam inflamação generalizada), teve insuficiência respiratória e coágulos sanguíneos.
A situação de Selinger era tão grave que a equipe médica chegou a acreditar que, caso ele acordasse do coma, se tornaria “um vegetal”. Outra possibilidade era a de que ele ficasse totalmente paralisado. “Estou feliz em dizer que voltei a andar sobre minhas próprias pernas, não tenho mais bengala. Meu lema e o da minha esposa durante todo o tempo foi: se há vida, há esperança”, comemora.
Momentos de terror
Seliger foi levado às pressas para o Royal Free Hospital em 26 de março de 2020 com sintomas de Covid-19. Ele não tem nenhuma lembrança dos dois primeiros dias em que esteve no hospital. “Não sei o que aconteceu comigo até falar com este médico. Ele disse: ‘Eli, vamos ter que colocá-lo no respirador’. De repente, vi sete astronautas, esses caras vestidos com todo o equipamento”, relembra. O paciente foi, então, colocado em coma induzido, do qual só acordou nove semanas depois.
Após quatro semanas no Royal Free, Seliger foi transferido para o University College London Hospital (UCLH). Lá, ele tornou-se o primeiro adulto na Inglaterra a ser diagnosticado com encefalomielite disseminada aguda, também conhecida por ADEM, uma doença inflamatória rara que afeta o sistema nervoso central após infecções provocadas por vírus e, geralmente, acomete crianças.
Em 29 de abril, a condição de Eli se deteriorou. Os médicos, então, decidiram chamar a esposa dele para a despedida. “Ela estava muito segura de que não era uma despedida, disse que passaria apenas para dar um alô”, conta.
A recuperação
Após a visita da esposa, Eli começou a melhorar. Quando acordou do coma, em 27 de maio, o homem inicialmente não conseguia se lembrar do nome da mulher e não movia seus pés e pernas. “Daí em diante foi um desafio, quando acordei fiquei pasmo, não tinha ideia de onde estava, fiquei totalmente chocado.”
Tratamento
Após 18 semanas e meia no hospital, Seliger voltou para casa em uma cadeira de rodas, mas em três semanas já não precisava mais dela. Atualmente, ele já é capaz de andar por conta própria e é acompanhado por um psicólogo clínico, um fisioterapeuta e faz terapia ocupacional para amenizar sintomas da Covid persistente, como a dificuldade de memória.
O caso do britânico chamou a atenção do chefe da organização de caridade contra o câncer Zichron Menachem. A instituição angariou mais de 70 mil libras (pouco mais de R$ 529 mil) para ajudar Salinger e outros pacientes a se recuperarem da Covid-19 e seus sintomas posteriores.