Homem com diagnóstico de agorafobia perde vacinação e morre de Covid
Britânico não suportava multidões e por isso não tomou a vacina. Ele desenvolveu a forma grave da infecção provocada pelo coronavírus
atualizado
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O britânico Brendon Jones, de 33 anos, faleceu em decorrência da Covid-19 no início deste mês após lutar contra o coronavírus por nove dias, segundo reportagem do Daily Mail publicada na terça (27/7). A mãe dele relatou que o jovem gostaria de ter sido vacinado, mas não conseguiu controlar a agorafobia – um transtorno psicológico que leva os pacientes a terem medo extremo de sair de casa.
Brendon se contaminou pelo vírus na última semana de junho, quando seis membros de sua família testaram positivo para a Covid-19. Ele, possivelmente, pegou o coronavírus dos pais, que haviam sido totalmente vacinados, mas desenvolveram quadros leves da infecção.
Devido à fobia, que tornava impensável a ideia de sair de casa, Brendon não foi se vacinar quando chegou a vez dele, em fins de maio. A doença fez a saúde do britâncio se deteriorar rapidamente e ele precisou ser internado na ala de terapia intensiva (UTI) do North Manchester General Hospital em Crumpsall.
“Ao acordar, Brendon se sentiu um pouco dolorido. Ele voltou para a cama e, durante a tarde, já parecia muito doente. Ficou cada vez pior com uma tosse forte no peito. No domingo (4/7), ele começou com vômitos e diarreia, dores fortes e não estava comendo nada. Na sexta-feira (9/7) pedi uma ambulância e Brendon foi levado para o hospital”, relatou Hayley, a mãe do rapaz.
Brendon foi transferido para a UTI na manhã de sábado e precisou do auxílio de um respirador dois dias depois. “Por volta das 5h da manhã, recebemos um telefonema dizendo que precisávamos ir ao hospital para nos despedir dele”, contou a mãe. Brendon faleceu na terça-feira (13/7).
Vacinação
Segundo o NHS England, sistema público de saúde britânico, desde 22 de maio, os jovens de 33 anos podiam se vacinar com a primeira dose contra o coronavírus, o que confere imunidade parcial para evitar casos graves e óbitos da doença, embora não impeça o contágio.
De acordo com a família, ele queria se vacinar. “Ele ainda não tinha tomado a vacina porque era difícil tirá-lo de casa. Ele queria, no entanto. E ele acreditava que funcionaria”, disse Hayley, em entrevista ao Daily.
A família explica que a agorafobia de Brendon foi resultado de um trauma na infância, mas ele vinha sendo tratado para controlá-la. A mãe dele cobrou que o sistema de saúde torne mais fácil a vacinação de pessoas em condição semelhante a do filho. “Ele amava a natureza, os animais e o espaço. Ele era uma mina de informações. Ele queria saber tudo sobre tudo. O lockdown foi positivo para Brendon porque estávamos todos em casa.”
Fobia de multidões
A agorafobia se caracteriza pelo medo de ficar em ambientes desconhecidos ou de onde é difícil sair, como multidões, transporte público ou cinema, por exemplo. A simples ideia de estar nesses ambientes é gatilho para que a pessoa fique ansiosa e apresente sintomas semelhantes ao da síndrome do pânico, como tontura, aumento da frequência cardíaca e falta de ar.
Esse transtorno psicológico pode ter impacto negativo na qualidade de vida da pessoa e levá-la ao isolamento, o que explica Brendon ter se sentido bem cercado apenas pela família na pandemia.
O tratamento da agorafobia é feito geralmente com sessões de terapia assistidas por um psicólogo ou psiquiatra. O objetivo é ajudar o paciente a enfrentar o medo e a ansiedade, tornando-o mais seguro e confiante. (Com informações do portal Tua Saúde)