HIV indetectável não é tão inativo quanto se pensava, apontam estudos
Pesquisas mostram que o HIV segue sobrecarregando o sistema imunológico mesmo quando tratamento impede adoecimento e transmissão
atualizado
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Duas investigações publicadas em setembro na revista científica Cell Host Microbe revelaram que o HIV indetectável não é tão inativo quanto se pensava.
Segundo os estudos realizados por imunovirologistas da Universidade de Lausanne, na Suíça, e da Universidade do Óregon, nos Estados Unidos, o vírus permanece sobrecarregando as defesas do corpo mesmo quando os tratamentos o tornam intransmissível.
HIV resiste à cura
Os quadros de HIV indetectável ocorrem quando a carga viral é tão baixa que o vírus não consegue adoentar o indivíduo e nem infectar outra pessoa. Situações assim são conseguidas com o uso de antiretrovirais, popularmente conhecidos como coquetéis.
Os virologistas já sabiam que o HIV é capaz de esconder cópias de suas informações genéticas dentro de cromossomos para impedir que as defesas do corpo o detenham. Essa é uma das particularidades do vírus que mais dificultam a descoberta de uma cura para a condição.
Mesmo indetectável, vírus segue ativo
Os estudos mais recentes apontam que o HIV indetectável segue mantendo cópias nos cromossomos. O vírus fica incapaz de adoecer o corpo ou de ser transmitido, mas provoca microinflamações, mantendo o sistema imunológico vigilante. Eventualmente, indicam os pesquisadores, isso pode sobrecarregar o organismo.
“Descobrimos que esses vírus defeituosos ainda podem produzir RNA viral e, às vezes, proteínas”, explica o imunovirologista Daniel Kaufmann, de Lausanne, coautor de um dos artigos, em comunicado à imprensa. “Isto pode ser importante porque um subconjunto de pessoas que são tratadas com sucesso com terapia anti-retroviral para o HIV ainda tem consequências negativas de viver com a infecção – por exemplo, a doença cardíaca ou a osteoporose prematura”, completa.
O estudo de Kaufmann analisou amostras de sangue de 18 homens que fazem o tratamento com coquetel e investigou as células de defesa deles, identificando as últimas infecções que haviam combatido. No sangue de 14 voluntários, havia fragmentos de proteínas virais produzidas pelo HIV, mas em proporções baixíssimas
Produção exagerada de células de defesa
Já o segundo estudo, da Universidade de Óregon, avaliou as células de defesas de 17 homens que estavam tratando o HIV há pelo menos 24 semanas. Em todos eles, o corpo seguia produzindo altas quantidades de células de defesa para combater o vírus, mesmo após o nível de indetectável.
Para os pesquisadores, a carga viral baixíssima não chega a afetar o corpo, mas mantém as defesas constantemente atentas ao HIV.
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