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Hipertrofia do miocárdio: entenda causa nº1 de morte súbita em atletas

Alteração genética é bastante comum e provoca o espessamento da parede do coração, aumentando o risco de arritmias e de paradas cardíacas

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Há pouco mais de um mês, a morte inesperada do empresário e triatleta amador João Paulo Diniz, aos 58 anos, chamou a atenção para a “dobradinha” exercícios físicos e saúde do coração.

Pai de João Paulo, Abílio Diniz conta em seu livro “Caminhos e Escolhas – o equilíbrio para uma vida mais feliz” que o filho tinha o diagnóstico de hipertrofia do miocárdio, uma doença cardíaca congênita relativamente comum. Mas afinal, o que é essa doença e quais riscos ela impõe para quem faz exercícios?

“A hipertrofia do miocárdio é muito mais comum do que imaginamos. Trata-se de uma alteração genética que nem sempre é diagnosticada na infância ou adolescência. A doença é silenciosa e a pessoa pode passar anos assintomática e descobrir apenas durante um check-up”, explica Leandro Echenique, cardiologista do esporte do Hospital Israelita Albert Einstein. Estima-se que que a doença atinja, em média, 1 a cada 500 nascidos vivos.

No entanto, o médico ressalta que o fato de a pessoa nascer com a alteração genética não significa que ela vai desenvolver a doença, que possui cerca de 1.500 mutações, com características diversas.

Segundo Echenique, a cardiomiopatia hipertrófica é caracterizada pelo espessamento da parede do músculo cardíaco e, consequentemente, pelo aumento do tamanho do coração. Assim, o coração fica sobrecarregado e mais suscetível a desenvolver arritmias graves e possíveis paradas cardíacas – daí a importância do check-up de rotina, especialmente para os amantes de esportes ou para quem já tem histórico familiar de morte súbita.

Comum em atletas

A morte súbita cardíaca ocorre de forma instantânea, inesperada, e é causada pela perda da função do músculo cardíaco. A incidência na população geral é baixa (em torno de 1%), mas a miocardiopatia hipertrófica é a principal causa de morte súbita entre atletas com menos de 35 anos de idade, justamente quando estão no auge da carreira.

É importante destacar que a prática de atividade física é um fator de proteção contra doenças cardiovasculares para a maioria da população. De acordo com Echenique, ela não é contraindicada para quem é diagnosticado com miocardiopatia, mas os exercícios precisam ser de intensidade leve a moderada e é necessário acompanhamento médico rigoroso.

“As pesquisas mostram que quem tem essa miocardiopatia tem maior risco de desenvolver arritmias que são induzidas pelo exercício. Há estudos que mostram que a doença está associada a casos de morte súbita durante a realização de exercícios de alta intensidade”, alerta Echenique. Por isso, o esporte competitivo ou profissional é vetado para pacientes com cardiomiopatia de alto risco.

Sinais e sintomas

A doença pode se manifestar com dor no peito que piora com a realização de exercícios; palpitação/disparo do coração; falta de ar após esforços simples e rotineiros (como subir um lance de escada, por exemplo) e até desmaios.

O diagnóstico é feito pelo exame físico e sintomas do paciente, mas é corroborado após a realização de exames como eletrocardiograma e ecocardiograma. Em alguns casos considerados mais complexos também é recomendada a realização de uma ressonância magnética do coração.

Após o diagnóstico, o tratamento é individualizado com uso de medicações para reduzir o surgimento das arritmias e de sobrecarga no coração. Uma minoria dos pacientes vai precisar de algum tratamento intervencionista ou cirurgia. Nos casos mais graves e com alto risco de morte súbita pode ser necessário o implante de um CDI (cardiodesfibrilador implantável) – um aparelho colocado por baixo da pele e que dá um choque no coração do paciente se houver uma parada cardíaca. (Fonte: Agência Einstein)

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