Hidroxicloroquina não previne sintomas da Covid-19, afirma estudo
Estudo clínico mostra que medicamento não conseguiu deter manifestação da doença em pessoas que estavam expostas ao coronavírus
atualizado
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Um estudo clínico realizado pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, publicado na quarta-feira (03/06), concluiu que a hidroxicloroquina não é eficaz para prevenir ou controlar os sintomas da Covid-19. A pesquisa contraria falas dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump que sugerem a cloroquina até como uma maneira de prevenir a doença.
Os pesquisadores da universidade selecionaram 821 voluntários nos Estados Unidos e no Canadá, todos com risco alto ou moderado de contrair a doença pois viviam com parentes infectados ou trabalhavam em locais que atendiam pacientes com a doença.
Entre eles, 414 receberam hidroxicloroquina e para outros 407 foi dado um placebo, dentro do intervalo de quatro dias, após exposição relatada ao vírus e antes do aparecimento de sintomas. O que estava sendo avaliado era a prevenção dos sintomas ou a progressão da doença e não a prevenção à infecção pelo vírus (quando tomaram o remédio, os pacientes já tinham passado pela situação que possibilitou uma infecção).
Os resultados não mostraram diferença significativa por causa do uso da droga. A doença se manifestou em 11,8% dos pacientes medicados com hidroxicloroquina e em 14,3% dos pacientes do grupo de controle. A diferença não é estatisticamente significante, o que significa que a droga não é melhor que o placebo.
Os efeitos colaterais foram mais comuns entre aqueles que receberam a hidroxicloroquina, mas não foram registradas reações adversas graves, como já aconteceu em outras pesquisas. O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine.
Retomada de estudos
O uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19 tem sido um dos temas mais controversos desde o início da pandemia. O medicamento, que já foi tratado como uma grande esperança, passou a ser desacreditado por pesquisas científicas. Além de não ter a eficácia comprovada, a substância pode provocar problemas cardíacos em pacientes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a retirar a cloroquina da lista de medicamentos do ensaio clínico Solidaridade – um pool de vários países para testar remédios em pacientes com coronavírus, mas, na quarta-feira (03/06), a agência internacional voltou atrás da decisão e retomou os estudos.
A pesquisa da OMS havia sido suspensa na semana passada depois que um amplo trabalho com 96 mil pacientes publicado na revista científica The Lancet mostrou que o medicamento não tinha eficácia contra a Covid-19 e aumentava o risco de arritmia cardíaca e morte. Porém, nesta segunda (02/06), a publicação científica anunciou em editorial que os resultados passariam por auditoria e que os editores estariam “preocupados” com as conclusões apresentadas.