Antidepressivos engordam? Médicos de Harvard analisam efeito colateral
Estudo feito em Harvard avaliou o ganho de peso em quase 200 mil pessoas após o início do uso de oito antidepressivos comuns
atualizado
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Ao menos 300 milhões de pessoas de todo o mundo convivem com a depressão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O uso de medicamentos antidepressivos é uma das principais estratégias de tratamento do transtorno. Mas os remédios são frequentemente associados a uma série de efeitos colaterais, como ganho de peso, insônia e alterações da libido.
Pesquisadores da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, compararam o ganho de peso de oito medicamentos antidepressivos de primeira linha para ajudar médicos e pacientes a entenderem com mais clareza o assunto. Eles descobriram que as pessoas que usam escitalopram, paroxetina ou duloxetina correm 15% mais risco de ganhar peso em relação aos que usam os outros cinco.
Os resultados do estudo foram publicados nesta terça-feira (2/7), no Annals of Internal Medicine.
O ganho de peso é um efeito colateral de alguns medicamentos antidepressivos. O incômodo com as mudanças físicas pode fazer com que alguns pacientes interrompam o tratamento prescrito, levando a resultados clínicos ruins, alertam os pesquisadores.
“Embora existam várias razões pelas quais os pacientes e seus clínicos podem escolher um antidepressivo em vez de outro, o ganho de peso é um efeito colateral importante que frequentemente leva os pacientes a interromperem a medicação”, afirma o autor sênior do estudo Jason Block, professor associado da Harvard Medical School, em comunicado.
Medicações antidepressivos e ganho de peso
Os pesquisadores analisaram os dados das prescrições médicas de 183.118 adultos com idades entre 18 e 80 anos. Todos estavam começando a tomar antidepressivos e viviam nos Estados Unidos.
A evolução do peso dos pacientes foi comparada no intervalo de seis, 12 e 24 meses após o início do uso de oito antidepressivos comuns: sertralina, citalopram, escitalopram, fluoxetina, paroxetina, bupropiona, duloxetina e venlafaxina.
Os dados revelaram que todos os oito medicamentos foram associados a algum ganho de peso ao longo de dois anos, em escalas diferentes.
Os pacientes em tratamento com os fármacos escitalopram, paroxetina e duloxetina tinham até 15% mais risco de ganhar uma quantidade clinicamente significativa de peso nos primeiros 6 meses em relação aos que tomavam sertralina. Os pesquisadores consideram o ganho de 5% ou mais do peso inicial como “clinicamente significativo”.
Sertralina, escitalopram, paroxetina, fluoxetina e citalopram são todos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), a classe mais comum de antidepressivo. Eles aumentam especificamente os níveis de serotonina no cérebro para melhorar a transmissão de mensagens entre os neurônios.
Os usuários de bupropiona ganharam menor quantidade de peso em comparação aos demais. Esses tinham de 15% a 20% menos probabilidade de ganhar uma quantidade significativa de peso em comparação aos usuários de sertralina. A bupropiona é um inibidor da recaptação de norepinefrina/ dopamina (IRND).
“Este estudo fornece evidências importantes do mundo real sobre a quantidade de ganho de peso que deve ser esperada após iniciar o uso de alguns dos antidepressivos mais comuns”, afirma o autor principal do estudo, Joshua Petimar, professor assistente de medicina populacional da Harvard Medical School.
É importante destacar que a escolha do medicamento deve ser feita junto com o médico psiquiatra, levando em consideração diferentes aspectos, como os efeitos colaterais e os resultados esperados.
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