Canadá: vírus da gripe aviária sofreu mutações para infectar humanos
Análise do vírus encontrado no corpo de jovem canadense mostrou adaptações para se espalhar mais facilmente em humanos
atualizado
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O governo canadense revelou que o vírus H5N1, responsável pela internação de um adolescente no país, tem uma série de mutações para se adaptar melhor ao organismo humano.
A infecção do jovem é o primeiro caso de H5N1 do país e foi divulgada no dia 13 de novembro, quando o menino foi hospitalizado com gravidade. O vírus analisado tem duas possíveis adaptações que podem aumentar a capacidade do vírus de infectar células humanas e uma outra que poderia permitir que ele se replicasse mais facilmente em células humanas, não apenas nas células de seu hospedeiro aviário usual.
“Isso preocupa a comunidade científica e sugere que há alguma evolução acontecendo neste vírus exatamente nessas posições importantes. Não tínhamos visto adaptações deste tipo em vírus H5 anteriormente”, disse o virologista Jesse Bloom, que estuda a gripe aviária no Fred Hutchinson Cancer Center, nos Estados Unidos, em entrevista à revista científica Nature.
Bloom, porém, lembra que não há risco de pandemia da gripe aviária no momento. “Foram testadas 30 pessoas do convívio do paciente e não parece haver qualquer indicação de que esse indivíduo transmitiu o vírus para outros”, afirma.
O virologista explica que é preciso fazer uma vigilância atenta do caso: como o paciente está em estado grave e deve ficar internado por muito tempo, o vírus pode sofrer outras mutações. Também é essencial evitar que o vírus infecte outras pessoas e tenha mais oportunidades de se adaptar.
O jovem ainda está em estado crítico de saúde. Os dados de sequenciamento sugerem que o adolescente está infectado com uma mistura de vírus, todos semelhantes a uma linhagem da H5N1 que atualmente infecta aves domésticas e aquáticas na região.
Gripe aviária pode ser transmitida?
Não há registro de transmissão entre pessoas da gripe aviária. Os casos normalmente acontecem pelo contato de humanos com aves ou outros animais contaminados. Em maio deste ano, por exemplo, um surto ocorreu entre trabalhadores de granjas nos Estados Unidos, mas não houve transmissão entre eles.
Em humanos diagnosticados até agora, em geral a H5N1 gera formas assintomáticas da infecção ou sintomas leves, mas o vírus tem apresentado modificações sutis que podem aumentar sua gravidade.
O aumento de casos de H5N1 em humanos, no entanto, causa preocupação da comunidade científica. Um estudo feito entre infectologistas de 55 países publicado em abril, por exemplo, mostrou que 57% dos especialistas acreditam que um vírus da gripe como o H5N1 será o responsável pela próxima epidemia global.
“Precisamos nos preparar e ter certeza que, se o H5N1 chegar a ser transmitido, estejamos em posição de responder imediatamente com acesso equitativo a vacinas eficazes”, aconselhou o cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Jeremy Farrar, em um debate entre infectologistas realizado em abril.
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