Grávidas com Covid-19 podem transmitir o vírus para bebês, afirma pesquisa
Uma revisão de artigos mostrou que casos de transmissão vertical são raros, mas podem acontecer
atualizado
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Uma revisão da literatura internacional sobre a prevalência de Covid-19 em crianças, feita pela Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, revelou que, em casos raros, gestantes infectadas pelo Sars-CoV-2 transmitem o vírus aos bebês. A equipe de pesquisadores australianos avaliou 139 casos de recém-nascidos de mães com Covid-19 e observou que cinco crianças (3,6% da amostra) tiveram a confirmação da infecção dentro de horas ou mesmo dias após o nascimento.
A pesquisa australiana começou em junho de 2020, quando os especialistas examinaram 1.214 casos de crianças com Covid-19 em 65 estudos de 11 países. Metade dos pacientes eram bebês, 43% eram assintomáticos e 7% apresentaram a versão grave da doença e precisaram ser internados. Por não apresentarem sintomas, os pequenos teriam um “papel significativo” na transmissão de infecções respiratórias dentro da comunidade, de acordo com Homaira.
Em dezembro de 2020, os pesquisadores passaram a investigar a potencial transmissão vertical de Covid-19 de mulheres grávidas para os recém-nascidos. A questão ainda é pouco compreendida, de acordo com Nusrat Homaira, professora de pediatria da universidade, pediatra do Sydney Children’s Hospital e autora principal do estudo, publicado na revista científica Vaccine.
Homaira diz que ainda não há dados suficientes para afirmar se os recém-nascidos adquiriram o coronavírus de suas mães ou não. “Portanto, são necessárias mais pesquisas para entender se as crianças nascidas de mulheres que têm Covid-19 durante a gravidez têm um risco aumentado de adquirir a infecção e quais são os resultados a longo prazo para os recém-nascidos com a doença”, detalhou a especialista.
Entender melhor como e se as gestantes transmitem o vírus para seus filhos pode auxiliar na elaboração de planos de vacinação infantil, bem como programas de imunização materna, segundo Nusrat Homaira. “A vacinação continua sendo uma das intervenções de saúde pública mais eficazes para prevenir a transmissão de doenças infecciosas”, disse a médica. “No entanto, o sistema imunológico imaturo dos recém-nascidos também os torna inadequados para muitas vacinas.”
A imunização materna durante a gravidez, de acordo com a pediatra, tem se mostrado uma estratégia eficaz na proteção dos bebês contra muitas doenças evitáveis por vacinas, incluindo coqueluche, tétano e gripe durante os primeiros meses de vida.
Nusrat Homaira e sua equipe de pesquisadores deram início aos estudos sobre a relação entre Covid-19 e crianças em junho, quando ainda não havia nenhuma vacina contra o vírus. Agora que o mundo inteiro assiste ao início das campanhas de imunização, a especialista acredita ser o momento de pensar em como proteger gestantes e recém-nascidos. “A imunização materna pode ser uma abordagem preventiva viável, principalmente porque descobrimos que metade das infecções por Covid-19 em menores de cinco anos ocorreram em bebês.”
Segundo os pesquisadores australianos, evidências científicas recentes mostram que crianças menores de cinco anos correm maior risco de infeção por Covid-19 do que se imaginava anteriormente. A faixa etária é a mais vulnerável para infecções respiratórias, porém os especialistas ainda não sabem o motivo.