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Gordura marrom pode proteger o corpo contra doenças crônicas, diz pesquisa

O tecido adiposo marrom, que queima gordura ao invés de estocá-la, seria também uma forma de diminuir impactos nocivos de diversas doenças

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Um extenso estudo, feito com 52 mil pessoas, descobriu que a gordura marrom pode ter um efeito protetor contra doenças crônicas, como a doença arterial coronariana, a diabetes tipo 2 e diversas outras enfermidades metabólicas. O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade Rockefeller e publicado na revista científica Nature Medicine.

A gordura marrom faz parte do tecido adiposo humano, que inclui a gordura branca. Enquanto a principal função da gordura branca é armazenar gordura para garantir uma reserva energética para o corpo, a gordura marrom tem função termogênica — ou seja, ela queima calorias para gerar calor.

Embora esteja presente primordialmente em recém-nascidos, a gordura marrom também pode ser encontrada em adultos, geralmente em volta do pescoço e ombros. O problema é que, de acordo com os pesquisadores, estudar a estrutura em grande escala é praticamente impossível, uma vez que esse tecido aparece apenas em exames Pet-Scan, utilizado para acompanhar a presença e a progressão de doenças, como câncer.

“Esses exames são caros e usam radiação”, diz Tobias Becher, instrutor em Investigação Clínica da Universidade Rockefeller e um dos principais autores do estudo. “Não queríamos sujeitar pessoas saudáveis ​​a isso.”

Os pesquisadores, então, aproveitaram exames Pet-Scan feitos por pacientes do Memorial Sloan Kettering Cancer Center para realizar a pesquisa. “Sabemos que, quando os radiologistas detectam gordura marrom nesses exames, eles rotineiramente a anotam para ter certeza de que não é confundida com um tumor”, detalhou Becher. “Percebemos que este poderia ser um recurso valioso para começarmos a observar a gordura marrom em uma escala populacional”.

Uma vez de posse dos exames, os médicos analisaram 130 mil tomografias de mais de 52 mil pacientes. O tecido adiposo marrom foi identificado em 10% dos participantes, que apresentaram menos doenças crônicas que os indivíduos sem gordura marrom detectável. Um exemplo foi a diabetes tipo 2, presente em 4,6% dos pacientes com gordura marrom e em 9,5% das pessoas sem este tipo de gordura visível. Níveis anormais de colesterol foram observados em 22,2% das pessoas sem a gordura marrom contra 18,9% dos participantes com a gordura detectável.

O estudo revelou, ainda, que indivíduos com gordura marrom têm menos risco de desenvolver hipertensão, insuficiência cardíaca congestiva e doença arterial coronariana, informações que não haviam sido observadas em estudos anteriores, segundo os autores da pesquisa.

Obesidade
Outra boa notícia foi a de que a gordura marrom pode atenuar os efeitos negativos da obesidade. Isso porque, de forma geral, pessoas com obesidade têm riscos maiores de doenças cardíacas e metabólicas. Em obesos com gordura marrom, contudo, a prevalência destas enfermidades foi semelhante a de pessoas não obesas. “A gordura marrom parece proteger [os obesos] dos efeitos nocivos da gordura branca”, analisou Paul Cohen, médico do hospital da Universidade Rockefeller e um dos autores da pesquisa.

Ainda não se sabe com exatidão como a gordura marrom pode contribuir para melhorar a saúde, porém os pesquisadores acreditam que o tecido usa glicose para queimar calorias, o que pode contribuir para evitar o desenvolvimento de diabetes. A gordura marrom teria também importante atuação em doenças como a hipertensão, intimamente ligada ao sistema hormonal. “Estamos considerando a possibilidade de que o tecido adiposo marrom talvez realmente participe da sinalização hormonal para outros órgãos”, reforça Cohen.

Agora, a equipe planeja descobrir variantes genéticas que possam explicar por que algumas pessoas têm mais gordura marrom que outras. A descoberta poderia acelerar o desenvolvimento de maneiras farmacológicas de estimular a atividade da gordura marrom para tratar a obesidade e condições relacionadas.

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