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Gordura marrom: o que é e como ela ajuda a emagrecer e prevenir doenças

Parte do tecido adiposo, este tipo de gordura protege o organismo de problemas como doença arterial coronariana, diabetes e hipertensão

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gordura corporal
1 de 1 gordura corporal - Foto: ISTOCK/EYJAFJALLAJOKULL

Pouco conhecida entre as pessoas, a gordura marrom é uma importante aliada do corpo. A estrutura faz parte do tecido adiposo, dividido entre gordura branca e marrom. Enquanto a primeira é responsável por armazenar gordura para garantir reservas energéticas para o corpo, a gordura marrom tem função termogênica, ou seja: queima gordura ao invés de armazená-la. Isso faz com que a estrutura tenha capacidade de queimar calorias para gerar calor, o que acaba estimulando o processo de emagrecimento. Ela desempenha, contudo, muitas outras funções no organismo.

Gabriela Lemos, nutróloga do Hospital Anchieta de Brasília, explica que, no ser humano, a gordura marrom é abundante após o nascimento, para garantir produção adequada de calor pelo recém-nascido. A má notícia é que, com o envelhecimento, o tecido sofre redução gradativa. “Há pouca quantidade dele na idade adulta e muito pouca ou mesmo nula na senilidade”, detalha.

Tanto em adultos quanto em bebês, o tecido adiposo marrom está presente na região do pescoço, abaixo da clavícula e ao longo da coluna vertebral. Pessoas magras, jovens, mulheres e indivíduos com taxas baixas de glicose no sangue costumam apresentar maiores quantidades deste tipo de gordura no corpo.

O organismo ativa a gordura marrom em situações específicas, como a exposição ao frio, para ajudar o corpo a queimar gordura e produzir calor. A adrenalina também é capaz de acionar o tecido. Para a gordura marrom gerar calor, ela usa o suporte energético da gordura branca — o que acaba estimulando a quebra de gordura deste tecido também.

Mas o tecido adiposo marrom age de muitas outras formas no organismo, além de ajudar a emagrecer. Estudos recentes feitos pela Universidade Rockefeller descobriram que a gordura marrom pode ter um efeito protetor contra doenças crônicas, como a doença arterial coronariana, a diabetes tipo 2 e diversas outras enfermidades metabólicas. O tecido gorduroso marrom também auxilia no metabolismo das gorduras (controle do colesterol e triglicerídeos) e dos carboidratos (controle da resistência insulínica e do diabetes).

No entanto, existem algumas doenças e medicações que podem atuar inibindo a ação da gordura marrom, diminuindo a queima de gordura pelo indivíduo e favorecendo o ganho de peso. “A identificação e o adequado tratamento destas patologias (como hipotireoidismo), bem como a eventual troca de medicações culpadas podem corrigir este problema”, explica Gabriela Lemos.

Como ativar a gordura marrom

Ainda que a ciência não tenha ainda a fórmula para transformar gordura branca em marrom, Gabriela Lemos explica que há algumas estratégias alimentares, comportamentais e medicamentosas que podem ser úteis na ativação deste tecido na idade adulta.

A forma mais efetiva de ativar o tecido marrom, segundo a especialista, é pela exposição ao frio. “No entanto, esta termogênese induzida pelo frio varia bastante entre os indivíduos”, pondera. “Em alguns casos, ela acaba contribuindo com a redução do gasto de energia pelo indivíduo por outros mecanismos compensatórios”.

Alguns compostos bioativos alimentares também podem ajudar a estimular a ativação do tecido adiposo marrom. Entre os principais, Gabriela Lemos cita a cafeína (presente no café), o resveratrol (muito comum nas sementes de uva e vinhos tintos) e a capsaicina (encontrada na pimenta malagueta).

A atividade física também é uma maneira de colocar a gordura marrom para funcionar, bem como uma noite de sono bem dormida. “Existem ainda fármacos que, na ausência de contraindicações, podem ser utilizados para estimular a atividade da gordura marrom”, completa Gabriela.

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