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Mapa genético pode prever se transplantes de órgãos serão rejeitados

Pesquisadores australianos descobriram uma maneira não invasiva para identificar se o órgão transplantado pode ser rejeitado pelo organismo

atualizado

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Divulgação/Secretaria Estadual da Saúde
Imagem mostra médicos em centro cirúrgico
1 de 1 Imagem mostra médicos em centro cirúrgico - Foto: Divulgação/Secretaria Estadual da Saúde

Pesquisadores estão desenvolvendo um mapa detalhado da atividade genética em vários órgãos para detectar possíveis problemas com transplantes. O atlas permitirá comparar biomarcadores de disfunção entre diferentes tipos de órgãos, facilitando a identificação precoce de rejeição.

O estudo, publicado na revista Nature em 18 de junho, indica que apenas um exame de sangue poderia prever a rejeição precoce em todos os casos de transplante. Atualmente, não existe uma ferramenta desse tipo disponível.

À medida que mais pesquisas forem realizadas, os biomarcadores poderão diferenciar vários tipos de rejeição no transplante de órgãos, como problemas imunológicos, suprimento sanguíneo insuficiente ou reparos inadequados.

Rejeição de transplante

A taxa de sobrevivência após um transplante varia conforme o tipo de órgão, e varia, a longo prazo, entre 59% para os pulmões, 80% para o fígado, 82% para o rim e 73% para o coração. A rejeição pode ocorrer a qualquer momento após a cirurgia, inclusive anos depois, representando uma ameaça contínua para os pacientes.

Normalmente, os médicos suspeitam de rejeição quando o órgão transplantado não está funcionando corretamente. No entanto, em alguns casos, os pacientes podem não apresentar sintomas antes da falha do órgão, e uma biópsia invasiva pode ser a única forma de confirmar a situação com precisão.

Nos últimos anos, diversos estudos investigaram a possibilidade de detectar sinais de rejeição de órgãos através do sangue ou da urina dos pacientes, oferecendo uma alternativa menos invasiva à cirurgia. Porém, os biomarcadores identificados até agora ainda não foram incorporados na prática clínica e não conseguem prever todos os tipos de rejeição de órgãos.

O estudo atual, liderado pelo estatístico Harry Robertson da Universidade de Sydney, na Austrália, pretendia preencher essa lacuna fazendo uma meta-análise, que é um método estatístico para agregar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questão.

Os pesquisadores analisaram 54 conjuntos de dados, abrangendo 40 estudos sobre transplante de rim, cinco sobre pulmão, cinco sobre fígado e quatro sobre coração.

Ao comparar amostras de sangue dos pacientes com suas biópsias, a equipe identificou 158 genes que se expressaram de forma diferente durante episódios de rejeição. Esse número é quase 20 vezes maior do que o esperado por acaso.

“Essa descoberta é fundamental pois nos permite desenvolver estratégias para aumentar as taxas de sucesso de todos os transplantes”, explica Robertson.

Alguns desses biomarcadores compartilhados estão envolvidos na secreção de proteínas que estimulam os glóbulos brancos, enzimas que induzem a morte celular, receptores nas células que permitem a entrada e saída de materiais e células da medula óssea envolvidas na resposta imune.

Os pesquisadores afirmam que suas descobertas revelam um “marcador molecular unificador para todos os órgãos”. O método desenvolvido por eles tem se mostrado superior aos modelos específicos para cada órgão que estão sendo ajustados para uso clínico. No entanto, ainda não se sabe se o método criado pela equipe de Robertson é aplicável a transplantes de pâncreas, estômago ou intestino.

O grupo criou um site interativo que permite que cientistas do mundo todo comparem possíveis biomarcadores de rejeição de transplantes com outros métodos, fornecendo uma avaliação padronizada.

“Este atlas levou ao desenvolvimento de uma prova de princípio para um exame de sangue universal que pode prever a probabilidade de rejeição de transplante antes que ela ocorra, potencialmente estabelecendo um novo padrão em medicina de precisão e melhorando os resultados para receptores de transplantes em todo o mundo”, diz Robertson.

Desde 1989, a taxa de sobrevivência de um ano para transplantes de rim, o tipo mais comum de transplante de órgãos, melhorou significativamente. Apesar disso, as taxas a longo prazo permanecem estagnadas.

Um dos problemas é que os médicos ainda não têm uma forma segura e fácil de detectar precocemente a rejeição do órgão nos primeiros dias. Identificar o problema nesse estágio inicial poderia permitir intervenções medicamentosas para prevenir a falha completa do transplante e a necessidade de um novo procedimento.

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