Saiba se medicamento genérico funciona da mesma forma que o referência
Acreditar que princípio ativo funciona melhor no medicamento de marca do que no genérico é um mito derrubado por uma série de estudos
atualizado
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Apesar da robusta produção de estudos científicos que compara medicamentos genéricos com os originais, muita gente ainda tem dúvida se o remédio genérico funciona tão bem quanto o referência.
Todos os estudos, especialistas e entidades são unânimes em afirmar: é um mito acreditar que o genérico seja um medicamento de menor qualidade. Por definição, ele só pode receber este nome se tiver o mesmo desempenho esperado do original.
O que são os genéricos?
Um medicamento genérico é uma versão que usa o mesmo princípio ativo desenvolvido por uma empresa a partir do momento em que cai a patente, ou seja, o direito de exclusividade da farmacêutica que criou o produto. Este prazo varia entre países, mas costuma ser de 20 anos — em alguns casos, a patente pode ser quebrada em benefício da saúde pública por ação judicial movida pelo governo.
Como ambos medicamentos possuem o mesmo princípio ativo, eles devem respeitar as mesmas regras e levar aos mesmos efeitos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos), mesmo que o médico prescreva o remédio referência, “a troca pode ser recomendada pelo farmacêutico responsável nas farmácias de varejo com absoluta segurança para o consumidor”.
Estudos de 2019, 2020 e 2021 publicados por revistas médicas nos Estados Unidos fizeram análises dos históricos de saúde de mais de um milhão de pacientes e compararam os que tomavam remédios genéricos e originais. Em todos eles, os resultados eram praticamente os mesmos.
O estudo que mais reconheceu diferenças entre os dois tipos de remédio foi publicado em 2009 na revista Ann Pharmacother, e revelou que a média de eficácia da cópia para o referência era 3,5% menor. Na prática, esse comprometimento é até menor do que o causado por outros fatores externos, como a forma de acondicionar o produto (em local úmido ou seco, por exemplo), o biotipo de quem toma (peso, gênero, idade) e até o horário de ingestão.
Se é bom, por que é mais barato?
O preço do medicamento genérico é menor pois os fabricantes não precisam realizar todas as pesquisas necessárias quando se desenvolve um medicamento inédito. Ele apenas imita um remédio de referência e que já está consolidado no mercado. No Brasil, a Anvisa determina que o genérico seja no mínimo 35% mais barato.
Os remédios podem ser iguais?
A equivalência de eficácia entre o medicamento genérico e o original não quer dizer que eles sejam exatamente iguais. Inclusive, as regras de agências reguladoras como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prevêem variações mínimas: os remédios podem ter desempenhos diferentes já que a cada lote de produção possui pequenas diferenças entre si.
O medicamento é feito como um bolo, seguindo uma lista de ingredientes e de passos de preparo. Mesmo seguindo a receita, porém, nem todo bolo tem o mesmo sabor e nem todo remédio, a mesma eficácia: as pequenas variações de tempo e acondicionamento alteram o desempenho mesmo entre remédios de uma mesma marca.
No entanto, os testes e controles de qualidade revisados pela Anvisa garantem que exista a intercambialidade, ou seja, que o remédio funcione como se espera do original, tendo inclusive a mesma bula.
“A produção de medicamentos segue uma série de controles de qualidade e ponderações técnicas para garantir que aquilo que está na bula seja estritamente verdade”, afirma o farmacêutico e bioquímico Tarcísio Palhano, representante do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
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