Gêmeas siamesas unidas pela cabeça passam por cirurgia no DF
O procedimento inédito e de extrema complexidade foi realizado no Hospital da Criança de Brasília
atualizado
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Uma cirurgia inédita e de extrema complexidade foi realizada no Hospital da Criança de Brasília no sábado (27/04/2019). A operação consistiu na separação de duas gêmeas siamesas, Mel e Lis, de quase 11 meses, unidas pela cabeça, que vinham sendo acompanhadas pela equipe médica do hospital desde que eram recém-nascidas.
A cirurgia foi chefiada pelo neurocirurgião Benicio Oton de Lima e contou com especialistas norte-americanos que vieram ao DF participar do procedimento de separação das gêmeas, que completam um aninho no primeiro dia de junho. As fotos e os nomes das meninas foram revelados pelo Metrópoles, após autorização da família.
Casos assim são bastante raros na medicina e envolvem a expertise de várias áreas médicas para que a separação seja bem-sucedida. A taxa de nascimento de gêmeos siameses – colados por alguma parte do corpo, podendo ou não haver o compartilhamento de órgãos – é de um para cada 100 mil nascidos vivos.
“Foi uma cirurgia muito complexa. Elas tinham o lado direito frontal da cabeça unido. A cirurgia durou 20 horas”, disse o médico ao Metrópoles. A operação foi bem-sucedida e as crianças brasilienses estão internadas no Hospital da Criança em recuperação.
A equipe que trabalhou durante as 20 horas é composta de 50 profissionais. Eles se dividiram entre o centro cirúrgico e uma sala de apoio. Ao todo, foram 36 etapas.
Cinco pesquisadores americanos deram apoio ao procedimento. Entre eles, três médicos e dois enfermeiros, que foram advisors, ou aconselhadores. Dos 32 casos craniópagos registrados no mundo, nove tiveram indicações cirúrgicas. O das crianças brasilienses é o décimo.
Outro caso
Em outubro do ano passado, as gêmeas cearenses Maria Ysadora e Maria Ysabelle, que também eram unidas pela cabeça, passaram por um procedimento de separação no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O grupo comandado pelo neurocirurgião Benicio Oton de Lima acompanhou a operação em São Paulo e manteve contato direto com a equipe que atuou no outro estado.
O procedimento foi realizado em cinco diferentes etapas, sendo que a última cirurgia durou cerca de 20 horas. As meninas cearenses estão bem, e o exemplo delas serviu de encorajamento para a família das siamesas acompanhadas no DF.
Veja o vídeo da impressão em 3D que auxiliou os médicos na cirurgia: