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“Fungo preto”: o que se sabe sobre doença relacionada à Covid-19

A mucormicose não é contagiosa, mas afeta pacientes com o sistema imunológico debilitado; Índia registrou 9 mil casos em maio

atualizado

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Fila de vacinação em hospital privado na Índia
1 de 1 Fila de vacinação em hospital privado na Índia - Foto: Divulgação YouTube

A mucormicose, também conhecida como doença do “fungo preto”, é uma infecção rara e perigosa. A enfermidade é causada por fungos dos gêneros Rhizopus, Rhizomucor e Mucor e costuma afetar os seios da face, os pulmões e o cérebro.

A doença ganhou notoriedade após o surto na Índia, onde foram reportados 9 mil casos de “fungo preto” em maio, de acordo com a CNN. No país, o fungo está afetando, principalmente, pacientes que foram infectados com o vírus Sars-Cov-2 e tem histórico de comorbidades, especialmente diabetes.

Entre os sintomas causados pela infecção por mucormicose estão coceira, escurecimento ou descoloração do nariz, visão turva ou dupla, dor no peito, dificuldades respiratórias, secreção nasal esverdeada, tosse com sangue e, eventualmente, necrose de tecidos, que ganham um tom escuro e explicam o nome popular de doença do “fungo preto”.

De acordo com a médica infectologista Ana Helena Germoglio, os fungos que causam a mucormicose estão amplamente presentes no ar, solo e compostos orgânicos e, no geral, eles não representam perigo para pessoas saudáveis. O problema é quando se instalam em um organismo debilitdo.

“É um fungo oportunista, que está muito ligado à queda da imunidade. É observado em pacientes que estão com baixa imunidade, como paciente que está com Covid-19, diabéticos, pessoas que fazem quimioterapia, transplantados”, explica.

A médica também não descarta a importância da higiene hospitalar para a prevenção de murcomicose. “Nos casos da Índia, o que parece é que são condições de higiene muito precárias e uso de oxigênio que não seja de cilindros esterilizados, entre outros fatores”, aponta.

A infectologista ressalta que não se trata de uma doença contagiosa, isto é, não é transmitida de uma pessoa para outra ou pelo contato com animais.

A mucormicose foi identificada pela primeira vez em 1865, e desde então, foi estudada e tratada com antifúngicos intravenosos. “É uma infecção que tem um avanço rápido, o que pode ser muito perigoso, principalmente, para imunossuprimidos”, explica Ana Helena.  Em casos graves, nos quais o diagnóstico foi tardio e há necrose de tecido, é necessário remoção cirúrgica.

Murcomicose e Covid-19
Nos casos relacionados à Covid-19, a murcomicose apareceu em pacientes com diabetes e com condições que comprometem o sistema imunológico. O uso de certos medicamentos, como corticoides, pode estar causando o aumento de casos na Índia. No Brasil, tanto o caso confirmado em Manaus quanto o caso sob investigação em Santa Catarina são de pacientes diabéticos.

A médica infectologista Ana Helena Germoglio faz um alerta: “Recebemos pacientes que estão com Covid-19 e começaram uso de corticoides sem recomendação médica, o que causa queda de imunidade e pode favorecer a infecção por mucormicose e também de outros fungos”.

 

 

 

 

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