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Mito ou verdade: fumar narguilé é menos prejudicial à saúde?

Cardiologista destaca comparação do narguilé com uso de cigarro eletrônico e aponta diversos riscos para a saúde do usuário

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Imagem colorida de pessoa fumando narguilé e soltando círculos de fumaça - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de pessoa fumando narguilé e soltando círculos de fumaça - Metrópoles - Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

O narguilé é um dispositivo usado para o fumo de essências, também conhecido como cachimbo de água. Ele é composto por várias peças, e o conteúdo inalado pelo fumante contém um alto número de substâncias, como tabaco adocicado, nicotina, umectantes e saborizantes que criam um aroma de frutas liberado com fumaça.

Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), a essência do narguilé é composta por 30% de tabaco — a porcentagem pode causar a falsa impressão de que ele é menos prejudicial à saúde do que o cigarro tradicional. A fumaça também é tóxica, e tem as mesmas substâncias do cigarro, algumas até em maior concentração.

O Ministério da Saúde afirma que o cigarro e seus derivados, como o narguilé, contém nicotina e outros 4,7 mil ingredientes tóxicos. Em 45 minutos de uso, há aumento da concentração de nicotina e monóxido de carbono no organismo, além de exposição intensa a metais pesados, altamente tóxicos e de difícil eliminação, como o cádmio.

No entanto, segundo o cardiologista Thiago Germano, do Instituto do Coração de Brasília (ICTCor), não existe quantidade segura de narguilé. “Uma hora de uso equivale a cerca de cem a duzentos cigarros tradicionais. Não há nada de inofensivo”, alerta.

“O narguilé é preocupante porque, assim como os dispositivos eletrônicos, está cada vez mais popular entre jovens. Além das substâncias tóxicas ao organismo, ele pode ser uma porta de entrada para o vício em nicotina e para outras drogas além do cigarro”, destaca Germano.

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Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no Brasil
No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuários
Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)
Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotina
Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígena
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Cada vez mais popular no Brasil, o vape, cigarro eletrônico ou e-cigarrette tem se tornado um verdadeiro fenômeno entre os jovens. O produto, geralmente, tem aparência semelhante a de um cigarro comum, mas também pode ser encontrado em formato de pen drive ou caneta

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Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no Brasil

Leonardo De La Cuesta/Getty Images
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No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuários

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Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)

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Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotina

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Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígena

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Ainda segundo os especialistas, o líquido produzido pelo cigarro eletrônico tem pelo menos 80 substâncias químicas consideradas perigosas e responsáveis por reforçar a dependência na nicotina

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Além disso, o uso diário de cigarros eletrônicos causa estado inflamatório em vários órgãos do organismo, incluindo o cérebro. Novas pesquisas indicam que a utilização também pode desregular alguns genes e fazer com que o usuário desenvolva uma condição chamada EVALE, lesão causada pelo produto nos pulmões

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O neurologista Wanderley Cerqueira, do Hospital Albert Einstein, explica que os efeitos no usuário variam dependendo da nicotina e dos sabores líquidos, que influenciam a forma como o corpo responde às infecções. Segundo ele, vapes de menta, por exemplo, deixam as pessoas mais sensíveis aos efeitos da pneumonia bacteriana do que outros aromatizantes

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O especialista alerta que as células imunológicas parecem ser desativadas à medida que os pulmões são continuamente encharcados com produtos químicos. Esse processo enfraquece as defesas do organismo contra ameaças como pneumonia ou câncer

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Ainda segundo o médico, mesmo os vapes sem sabor são perigosos. Isso porque eles possuem outros aditivos químicos em sua composição, como propilenoglicol, glicerina, formaldeído e a própria nicotina, que causa câncer

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Uma pesquisa da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, encontrou níveis perigosos de toxinas em produtos usados para conferir sensação mentolada em cigarros eletrônicos. Foram verificados problemas em várias marcas dessas substâncias mas, principalmente, na Puffbar, uma das mais populares do mundo

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Os cientistas encontraram níveis das toxinas WS-3 e WS-23 acima dos considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no fluido do produto. Dos 25 líquidos analisados, 24 tinham WS-3, por exemplo

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As substâncias são usadas em aditivos alimentícios para dar o “frescor” do mentolado sem o sabor de menta, mas não devem ser inaladas. Elas são encontradas também em produtos nos sabores de manga ou baunilha

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Consequências do narguilé

Como os cigarros, charutos, cachimbos e afins, o narguilé pode causar problemas pulmonares, como o enfisema. A doença degenerativa causa dificuldade para respirar, tosse com catarro, chiado constante no peito e perda de peso sem motivo aparente.

Há ainda evidências que relacionam as substâncias presentes no narguilé com uma maior chance de desenvolver câncer de pulmão, boca e bexiga. O tabagismo é o principal responsável pelo desenvolvimento de tumores malignos.

“O uso frequente dos produtos derivados do tabaco causa também problemas de fôlego, mau hálito, amarelamento da pele e envelhecimento precoce, mesmo em usuários adolescentes e jovens”, alerta o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em cartilha publicada no site da instituição.

O cardiologista alerta, principalmente, para as consequências que o dispositivo oferece ao coração. “As substâncias provocam uma inflamação crônica no endotélio vascular, camada de células finas que reveste a parede interna de todos os vasos sanguíneos”, afirma.

O narguilé e cigarro podem ainda provocar aterosclerose, quadro em que há depósito de material gorduroso nas paredes das artérias de médio e grande porte — a principal consequência é a diminuição do fluxo sanguíneo no corpo e abastecimento de oxigênio a órgãos vitais.

“Além disso, há a chance de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), aumento da pressão arterial e arritmias cardíacas. São quatro mil substâncias dentro do cigarro e, logo, as agressões à saúde são diversas”, alerta Germano.

Anti higiene

Algo comum entre os usuários de narguilé é compartilhar a mesma mangueira de fumo entre quem está participando do uso. Os médicos alertam que o ato é anti higiênico e pode aumentar o risco de difundir doenças como herpes, tuberculose e Covid-19.

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