Fraqueza e gordura na barriga elevam risco de morte cardíaca em 85%
Combinação de gordura na barriga e fraqueza muscular aumenta risco de morte prematura, segundo cientistas da UFSCar e do College London
atualizado
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Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do College London, do Reino Unido, mostra que a gordura na barriga combinada com a fraqueza muscular potencializam o risco de morte por doença cardíaca em pessoas com mais de 50 anos.
“A fraqueza muscular em si aumenta em 62% o risco de morte por doença cardiovascular. No entanto, quando analisamos os dois fatores juntos – obesidade abdominal e fraqueza muscular – observamos que o risco de morte por doença cardiovascular aumenta para 85%. Curiosamente, as pessoas analisadas que tinham apenas gordura abdominal não apresentaram um aumento significativo no risco de morte cardiovascular”, conta Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e um dos autores do estudo.
A pesquisa foi baseada em dados de 7.030 participantes do English Longitudinal Study of Ageing (Estudo ELSA), um inquérito de saúde que detalha informações sobre saúde, hábitos e condições de vida de moradores do Reino Unido com mais de 50 anos.
Grupo de risco
O trabalho foi publicado na revista Age and Ageing em janeiro deste ano e estabeleceu como excesso de gordura na barriga, cintura maior que 102 centímetros para homens e maior que 88 centímetros para mulheres. Já a fraqueza muscular foi medida usando como referência a força da mão – menor que 26 quilos para homens e menor que 16 quilos para mulheres.
Um trabalho anterior que combinou dados do ELSA com informações do Estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), realizado em São Paulo, já havia demonstrado que o excesso de gordura na barriga combinado com a fraqueza muscular – condição que é tecnicamente chamado de obesidade diapênica – aumentava em 37% o risco de morte prematura.
Inflamação crônica
De acordo com os pesquisadores, a obesidade mantém o sistema imunológico constantemente em alerta, ativando células de defesa. O resultado é uma inflamação crônica, que provoca resistência à insulina, inibição da síntese proteica e aumento do catabolismo muscular – quando o corpo usa a energia das fibras musculares para manter o funcionamento.
Já a fraqueza muscular prejudica o funcionamento das mitocôndrias, organelas responsáveis por fornecer energia para as células, aumentando o estresse oxidativo do corpo e prejudicando a circulação sanguínea.
“Todos esses fatores prejudicam o metabolismo e aumentam o risco de incidência de doenças cardiovasculares e, por consequência, o risco de morte por essas doenças”, afirma a pesquisadora e também autora do artigo Paula Camila Ramírez, em entrevista à Agência Fapesp. (Com informações da Agência Fapesp)
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