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“Foi desesperador”, conta mãe de brasiliense que teve síndrome de Kawasaki

Uma doença inflamatória rara que vem sendo relacionada à Covid-19 deixou em pânico uma família de Águas Claras

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Reprodução/Intagram Narla
A mãe Narla e a filha Bela se divertem
1 de 1 A mãe Narla e a filha Bela se divertem - Foto: Reprodução/Intagram Narla

Uma síndrome inflamatória rara que pode ser desencadeada por uma infecção viral e vem sendo relacionada à Covid-19 deixou em pânico os pais da brasiliense Bela de Oliveira do Amaral Silva, de apenas dois anos.

A aflição da família, que mora em Águas Claras, começou no domingo (19/04), um dia depois de a criança ter tomado a vacina contra influenza. A primeira suspeita – quando Bela apresentava apenas febre – foi de uma infecção bacteriana. Atendida em um pronto-socorro, foi medicada e voltou para casa, mas, em seguida, começou a apresentar manchas vermelhas pelo corpo.

A pediatra da confiança da família, Carolina Arantes, trocou o remédio, suspeitando que as manchas eram uma alergia ao composto. Mas o quadro não evoluiu. Ao contrário, piorou.

“As manchas passaram a ser muito maiores. E, nesse tempo, a febre não cedia. Os olhos começaram a ficar inchados, a boca vermelha, ela começou a sentir dor no corpo todo”, relata a mãe de Bela, Narla Raiany de Oliveira do Amaral Silva, 33 anos.

A pediatra Carolina estava alerta, acompanhando a paciente diariamente apesar da distância imposta pelo isolamento social. “Já era o segundo remédio e não dava efeito. Outros sintomas apareceram, comecei a suspeitar que pudesse ser a síndrome de Kawasaki”, relata a médica. Na sexta-feira (24/04), Carolina fechou o diagnóstico da paciente por meio de uma tele-consulta e pediu que a família buscasse imediatamente o pronto-socorro do Hospital Santa Luzia.

Naquele dia, Bela já apresentava a maioria dos sintomas da doença – a Kawasaki é caracterizada por febre persistente, manchas no corpo, íngua na região do pescoço e lábios vermelhos e inchados. Ao chegar ao hospital, a criança foi encaminhada para a UTI da unidade e começou o tratamento com imunoglobulina.

“Nesse período, a Bela estava com tantos sintomas que, se abrisse a boquinha dela, já saia sangue”, relata a mãe.

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Antes da descoberta, Bela ficou com várias manchas vermelhas no corpo
Recuperada do susto, Bela não apresenta sequelas
Bela, que gosta muito de brincar, só precisa ter cuidado para não se machucar, porque ainda faz uso de anticoagulante
Bela, 2 anos
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Uma semana foi o tempo dos primeiros sintomas até o diagnóstico da doença

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Antes da descoberta, Bela ficou com várias manchas vermelhas no corpo

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Recuperada do susto, Bela não apresenta sequelas

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Bela, que gosta muito de brincar, só precisa ter cuidado para não se machucar, porque ainda faz uso de anticoagulante

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Bela, 2 anos

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Doença rara

No pronto-socorro do Santa Luzia, os pais encontraram a doutora Caroline Graça, que é especializada em reumatologia. “O quadro dela era uma clara manifestação da doença de Kawasaki: é uma síndrome incomum, mas que já está bem descrita pela ciência”, explica.

A Kawasaki é uma espécie de pane no sistema imunológico, uma “informação errada” leva as células de defesa a atacarem os vasos sanguíneos do corpo. Nas manifestações mais graves, ela pode levar o paciente à morte. Com dois dias de internação, o quadro de Bela foi controlado e ela recebeu alta, mas terá que fazer um acompanhamento médico detalhado de longo prazo: é preciso confirmar que não há sequelas.

Como está tomando anti-coagulantes, não é recomendado que a criança frequente a escola e os pais, pela saúde dela, estão tentando cancelar a matrícula. “A Bela pode brincar, porque está com o sistema cardiovascular bem, mas tem que ter cuidado porque não pode se machucar. É bom ficar distante de outras crianças e, por isso, vamos tirá-la do colégio”, relata Narla.

Covid-19?

As complicações de saúde de Bela aconteceram poucos dias antes das autoridades de saúde do Reino Unido alertarem para um aumento repentino de casos semelhantes à síndrome de Kawasaki em crianças no país. De acordo com os especialistas, estes casos poderiam estar relacionados à epidemia de Covid-19.

Pouco tempo depois, o mesmo alerta foi dado por associações médicas dos Estados Unidos e da França e um caso semelhante levou ao falecimento de um paciente no hospital Albert Einstein em São Paulo. Ao ver as notícias, a mãe de Bela ligou para as médicas, que aconselharam a realização de exames para a Covid-19. O pai da criança, que havia estado em Porto Alegre e manifestado sintomas de gripe, também foi testado. Ambos exames, entretanto, deram negativos.

O que pode ter desencadeado a Kawasaki na pequena moradora de Águas Claras? Provavelmente, não saberemos. Uma hipótese é que a vacina contra influenza tomada um dia antes dos primeiros sintomas tenha sido um gatilho para a reação do corpo. “A Kawasaki é uma resposta inflamatória exacerbada, ela acontece em reação a uma infecção viral geralmente”, explica Caroline Graça.

Outra é que os testes dela e do pai tenham dado falso negativo para a Covid-19, os exames foram realizados algum tempo depois da manifestação dos sintomas. Para a família, o importante é que a menina está bem.

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