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Fiocruz registra 1º caso de meningoencefalite por fungo raro no Brasil

Adolescente de 14 anos foi diagnosticada após buscar atendimento hospitalar. Ela não resistiu à infecção

atualizado

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Fiocruz/ Reprodução
Placas de petri cultivadas pela Fiocruz com fungo da meningoencefalite - Metrópoles
1 de 1 Placas de petri cultivadas pela Fiocruz com fungo da meningoencefalite - Metrópoles - Foto: Fiocruz/ Reprodução

Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) registraram o primeiro caso de meningoencefalite causada pelo fungo Penicillium chrysogenum no Brasil. Uma adolescente de 14 anos, do Rio de Janeiro, foi diagnosticada com infecção grave no cérebro e meninges, causada pelo fungo, e não resistiu. O caso ocorreu em setembro de 2021, mas foi divulgado apenas na quarta-feira (28/12).

De acordo com o relato publicado na revista científica International Journal of Infectious Diseases, a jovem tinha histórico saudável, sem comorbidades. Ela deu entrada no Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do Rio, em setembro de 2021, com dores de cabeça, fotofobia e vômito.

O fungo Penicillium chrysogenum foi encontrado na análise do líquido cefalorraquidiano, uma substância que envolve o cérebro e a medula espinhal. As amostras foram enviadas para o Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos da Fiocruz, onde o diagnóstico foi confirmado. Não há informações conclusivas sobre como ela foi infectada.

Em um comunicado, o pesquisador Manoel Marques Evangelista de Oliveira, principal autor do artigo, explica que os quadros de meningoencefalite são normalmente associados a infecções provocadas por bactérias ou por fungos do gênero Cryptococcus.

“Foi um espanto identificar que este caso estava relacionado ao Penicillium, e de uma espécie que ainda não tinha sido descrita no país como causadora dessa doença”, afirma Oliveira.

Tratamento

A adolescente foi tratada com medicamentos antifúngicos, mas não resistiu. Ela faleceu em decorrência de choque séptico e neurogênico. O pesquisador chama atenção para a gravidade, uma vez que a paciente era saudável até a infecção pelo fungo.

“A gravidade desse caso nos preocupa por ter ocorrido principalmente em uma paciente imunocompetente, pois pode significar que o P. chrysogenum tem um perfil de escape da resposta imunológica. O caso poderia ter tido uma evolução ainda mais rápida e complicada em pacientes com a imunidade comprometida, como pessoas com HIV/Aids ou em tratamento da Covid-19”, conta Manoel.

Novos casos de infecções fúngicas

O texto também destaca um aumento recente na incidência de infecções fúngicas no sistema nervoso central humano. Entre as principais síndromes desencadeadas pelo contágio estão meningite, encefalite e elevação da pressão intracraniana.

Segundo Oliveira, o aumento está relacionado ao crescimento do número de pessoas imunossuprimidas nas últimas duas décadas. “Os motivos são diversos: pessoas que vivem com HIV/Aids, uso indiscriminado de medicamentos, casos de depressão e, mais recentemente, a Covid-19. Esses indivíduos estão propícios a contraírem infecções por fungos”, explica.

A maioria das ocorrências está relacionada a espécies do gênero Cryptococcus, que provocam meningite. A infecção geralmente ocorre pela inalação de esporos em poeiras de solos contaminados com excrementos de pombos.

Outro fator de risco é a mudança de comportamento dos fungos devido às alterações climáticas. Eles podem estar se adaptando às novas condições do ambiente, suportando temperaturas próximas às do corpo humano.

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