Fiocruz reforça eficácia do uso de máscaras de pano contra a Covid-19
Estudo realizado com diferentes tipos de máscaras usadas por infectados sugere que as de tecido com três camadas também bloqueiam o vírus
atualizado
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Análises feitas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 reforçam que diferentes tipos de máscaras, incluindo as de tecido, são eficientes para conter a transmissão do vírus. A pesquisa identificou o patógeno apenas na parte interna da máscara, o que significa que ela bloqueia sua disseminação.
Esse resultado foi verificado nas máscaras cirúrgicas e nos modelos de pano com duas ou três camadas. A descoberta foi publicada na plataforma medRxiv em pré-print, e divulgada nesta terça-feira (6/7) no site da Fiocruz. Os resultados ainda não foram revisados pela comunidade científica.
O estudo é importante para reiterar a eficácia das máscaras de pano como proteção contra a Covid-19. Elas são recomendadas à população em geral pelas autoridades sanitárias desde o ano passado.
A dúvida sobre qual tipo de máscara bloqueia a transmissão do vírus surgiu recentemente entre os brasileiros, quando alguns países europeus modificaram suas orientações e passaram a exigir as máscaras cirúrgicas ou PFF2 para toda a população.
De acordo com os cientistas da Fiocruz, a análise das máscaras de pano, mais comuns entre os brasileiros, complementa dados de testes em laboratórios e sustenta a relevância dos diferentes tipos de proteção.
“Esse resultado reforça a importância do uso da máscara. Seja cirúrgica ou de pano, ela vai contribuir para impedir que uma pessoa infectada contamine outras pessoas ou o ambiente”, salienta Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC e uma das coordenadoras da pesquisa, em entrevista à Fiocruz.
“Analisamos máscaras usadas pelos pacientes por duas a três horas, nas condições da vida real. Em todos os casos, a camada externa foi negativa para o Sars-CoV-2, indicando bloqueio da passagem do vírus”, enfatiza Vinicius Mello, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e coautor do estudo.
Mais camadas
Os cientistas analisaram 45 protetores faciais, que foram usados por 28 pacientes com infecção confirmada pelo coronavírus. Desse total, 30 eram de tecido, com duas ou três camadas, e as outras 15 eram cirúrgicas.
Os pesquisadores recortaram pedaços das máscaras próximos do nariz e da boca, assim como das laterais, separando as camadas interna e externa. Esses fragmentos foram mergulhados em uma solução e na sequência foi realizada a detecção do vírus, de forma semelhante ao procedimento de diagnóstico da Covid-19. A carga viral encontrada nos protetores faciais foi comparada ainda com a detectada em amostras retiradas do nariz dos pacientes por meio da introdução do swab, aquele cotonete especial típico do exame PCR.
Ao final, os testes detectaram o vírus apenas na camada interna das máscaras, com carga viral superior àquela identificada nos swab, pois a máscara retém maior quantidade de partículas contendo o patógeno.
Considerando os diversos tipos de máscaras de pano existentes, os pesquisadores esclarecem que a análise contemplou modelos de algodão, com duas ou três camadas, e apontam características que podem favorecer a proteção do acessório, como uma maior quantidade de camadas protetoras e tecidos menos porosos.
Os cientistas reiteram ainda que o uso da máscara é uma dentre as principais medidas para conter a disseminação da Covid-19 e deve ser acompanhado do distanciamento social e vacinação.