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Fiocruz: falta de acesso a hospitais potencializou mortes por Covid

Estudo da entidade e da PUC-RJ revela que dificuldade de acesso a hospitais aumentou número de mortes por Covid-19 em 2020 no país

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Ambulancias levam pacientes de Manaus para outros estados
1 de 1 Ambulancias levam pacientes de Manaus para outros estados - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A dificuldade de acesso aos hospitais, sobretudo na periferia dos centros urbanos, foi um dos motivos do grande número de mortos por Covid-19 em 2020 no Brasil. A conclusão é de um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo o trabalho, pouco mais de um quarto da população hospitalizada no ano passado (26%) teve de sair de seu município de residência para receber atendimento. A mortalidade hospitalar foi maior entre o grupo que precisou se deslocar (38%), contra 34% entre aqueles atendidos na própria cidade onde moravam.

Os especialistas não sabem ainda explicar por que isso ocorre, mas especulam que o fato pode estar relacionado à disponibilidade de recursos médico e hospitalar. As regiões Norte e Nordeste foram as que tiveram o maior número de mortes hospitalares por Covid-19. Nelas, quase 50% dos internados morreram. No Sudeste, a taxa foi de 34%.

Em janeiro, foi publicado na The Lancet Respiratory Medicine um levantamento de pesquisadores brasileiros. O trabalho avaliou 457 mil internações por Covid-19 em 2020.

Com base nesses dados, João Gabriel Gelli, do Centro Técnico Científico da PUC, sob orientação de Fernanda Baião, fez uma análise descritiva dos casos registrados no Sistema Integrado de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) no ano passado. Também avaliou as características dos municípios. Queria entender o impacto da dificuldade de acesso no desfecho dos casos.

“O processo de elaboração deste trabalho chamou a atenção para as disparidades no sistema de saúde nacional e para a questão do acesso”, explicou Gelli.

Pacientes que moram nas periferias dos grandes centros, onde muitas vezes não há hospitais especializados ou as vagas são limitadas, precisam se deslocar para cidades onde há mais recursos.

“O elevado índice de mortalidade hospitalar nas regiões Norte e Nordeste também está ligado à menor quantidade de leitos por dez mil habitantes, obrigando as pessoas ao deslocamento”, acrescentou Fernanda Baião.

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