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Fiocruz detecta fungo da histoplasmose pela primeira vez na Antártica

Pesquisadores ficaram surpresos com a presença do fungo, pouco comum em localidades de clima frio. Ele pode causar pneumonia e levar à morte

atualizado

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Fiocruz/Divulgação
Fiocruz detecta fungo na Antártica
1 de 1 Fiocruz detecta fungo na Antártica - Foto: Fiocruz/Divulgação

Pesquisadores da Fioantar, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), anunciaram, nesta terça (11/10), que encontraram amostras do fungo Histoplasma sp na Antártica. Esta é a primeira vez que o patógeno causador da histoplasmose, uma doença que pode acometer os pulmões e levar à morte, é identificado na região.

As amostras foram coletadas no verão de 2020, no solo e nas fezes de pinguins da Península Potter, uma Área de Proteção Especial Antártica (Aspa, na sigla em inglês) no arquipélago das Shetland do Sul.

O caso inédito foi registrado no estudo Detecção Molecular de Histoplasma capsulatum na Antártica, publicado na edição de outubro da revista Emerging Infectious Diseases (EID journal), dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

A descoberta chama atenção especialmente pela capacidade de adaptação do fungo. A histoplasmose tem maior incidência nas Américas, com pouca prevalência em áreas de clima frio.

“Esta descoberta destaca a necessidade de vigilância sobre agentes emergentes de micoses sistêmicas e sua transmissão entre regiões, animais e humanos na Antártica”, diz o artigo.

Os pesquisadores levantaram algumas hipóteses que podem justificar a presença do fungo na Antártica, como ter sido levado por aves ou outros animais recentemente. Outra opção é que o patógeno esteja presente no local desde a separação dos continentes e se adaptou às mudanças climáticas.

“A presença deste fungo na Antártica pode datar de milhares de anos. Contudo, o impacto das alterações climáticas colabora tanto para o aumento das áreas sem cobertura de gelo, expondo solos até então congelados, como também influenciam o deslocamento de massas de ar, nível de precipitação de neve sazonal e a migração dos animais, fatos que colaboram para a dispersão de microrganismos pelo mundo”, avaliou o pesquisador do Fioantar e do Laboratório de Micologia do INI/Fiocruz, Lucas Machado Moreira, principal autor do artigo.

O sequenciamento do DNA das amostras coletadas foi feito nos laboratórios da Fiocruz. Os testes mostraram indícios da identificação de linhagens semelhantes às existentes na América Latina, região com maior número de casos de histoplasmose. No Brasil, ela é considerada endêmica.

A doença, com letalidade que pode ultrapassar os 40%, dependendo da região e perfil do paciente, é transmitida a partir da inalação de células do fungo presentes no solo ou em fezes de aves. Depois da contaminação, elas podem atingir os alvéolos e causar pneumonia. A infecção pode ficar restrita aos pulmões ou entrar na corrente sanguínea e afetar outros órgãos.

“Considerando a capacidade da espécie de causar epidemias com risco de vida e a intensificação da presença humana no continente, identificar e monitorar fungos em vários habitats e animais antárticos torna-se uma estratégia fundamental para o monitoramento de micoses sistêmicas emergentes e o fluxo desses agentes entre regiões, animais e humanos”, escreveram os pesquisadores.

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