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Fiocruz de Brasília testa transporte de material biológico por drone

Parceria com startup pode agilizar transporte de amostras biológicas pelo Brasil, inclusive órgãos para transplante

atualizado

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Fiocruz/Divulgação
drone fiocruz
1 de 1 drone fiocruz - Foto: Fiocruz/Divulgação

Um projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a empresa H4nds, poderá viabilizar uma nova forma de transporte de materiais biológicos, como amostras de sangue e órgãos, no Brasil. O que hoje é feito de carro ou de avião, pode ser, em breve, transportado por drone: o objetivo é reduzir o tempo e os custos com os deslocamentos. A ideia surgiu a partir do trabalho de doutorado da pesquisadora Izabela Gimenes, da Fiocruz.

“Eu precisava coletar material biológico a mais de 120 km de distância do laboratório, o que tornava a pesquisa inviável pelo deslocamento, custo e dependência de carro institucional. Além disso, tinha que realizar o teste ainda no mesmo dia, pois o material biológico tem um tempo de vida útil muito curto”, conta Izabela.

Apesar de o problema enfrentado pela cientista ser extremamente específico, a pesquisadora levou o desafio a programas de intraempreendedorismo e chegou à parceria com a Fiocruz de Brasília e inovadores dispostos a resolver a proposta da cientista.

“Eu acredito que poderemos salvar muitas vidas, impactando na geração de resultados rápidos para a ciência. Como exemplo, podemos citar desde o transporte de órgãos até a entrega de uma amostra ou material específico no fim de semana. Isso evitaria a perda de um experimento de horas e até dias, caso não fosse entregue no tempo certo de substituição”, diz a pesquisadora.

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Izabela Gimenes é pesquisadora pela Fiocruz e doutoranda em Ciências e Biotecnologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
Rayanne Soares de Oliveira (H4nds), Raquel Santos Silva (Fiocruz), Eudardo Dib (Atlantis), Izabela Gimenes Lopes (Fiocruz) e Luis Eduardo Ludgero (CEO, H4nds)
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Drone foi desenvolvido pela startup H4nds em parceria com a Atlantis Technologies e a Must Blockchain

Arquivo Pessoal
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Izabela Gimenes é pesquisadora pela Fiocruz e doutoranda em Ciências e Biotecnologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)

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Rayanne Soares de Oliveira (H4nds), Raquel Santos Silva (Fiocruz), Eudardo Dib (Atlantis), Izabela Gimenes Lopes (Fiocruz) e Luis Eduardo Ludgero (CEO, H4nds)

Arquivo Pessoal

Protótipo de drone

O primeiro teste com material biológico terá cooperação técnica com a Universidade de Brasília (UnB) e irá transportar materiais para a vigilância da Covid-19 e da tuberculose utilizando um drone de asa fixa construído para o projeto, que dá melhor eficiência de voo.

O protótipo foi desenvolvido pela H4nds, em conjunto com a Atlantis Technologies e Must Blockchain, e tem um gravador autônomo de registro de dados instalado para monitorar e transportar os materiais laboratoriais.

A equipe responsável já realizou uma simulação de como seria o novo transporte de material biológico, fazendo o drone percorrer 8,2km em 16 minutos – distância que, de carro, poderia levar até 40 minutos devido às condições de relevo e de estradas. Os custos foram reduzidos em 28% em comparação com o transporte terrestre.

Apesar de o drone não ter trazido conteúdo orgânico na caixa de transporte, a demonstração utilizou o condicionamento em situação real, com controle de temperatura refrigerada, altitude, umidade e rastreamento.

Malha aérea exclusiva

A H4nds se responsabilizou pela criação de uma malha aérea exclusiva para a gestão e o transporte de materiais biológicos por meio de drones.

“Existem grandes vantagens de utilizar drones para esse tipo de transporte que vão além da velocidade. Há melhor segurança biológica, manutenção da temperatura e umidade, maior previsibilidade do transporte e não precisa de motorista nem de pista de aterrissagem ou decolagem. É só programar o voo e o drone faz toda a operação sozinho”, diz o CEO da H4nds, Luis Eduardo Ludgero.

Programa DF Inovador

O responsável pela incubadora de startups do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS) da Fiocruz, Wagner Martins, foi quem sugeriu utilizar drones para o transporte dos materiais. Ele propôs uma visita ao Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) para viabilizar o plano.

A parceria com a empresa de Luis Eduardo levou a equipe a se classificar em 2° lugar no programa DF Inovador em 2022, realizado pela Softex, organização que incentiva a transformação digital brasileira. Os agentes da Fiocruz acompanharam todo o processo de inovação aberta – quando a empresa desenvolve uma solução para um desafio específico do mercado.

Segundo a Fiocruz, em um país continental como o Brasil, com diferenças de terrenos e transportes, realizar este tipo de deslocamento é considerado um marco. A iniciativa também conta com a parceria da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).

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