Filmes de terror ajudam a reduzir o estresse. Entenda por que
Neuropsicóloga aponta relação entre os hormônios liberados durante os filmes de terror e a redução do nível de estresse de quem os assiste
atualizado
Compartilhar notícia
Embora os filmes de terror façam o coração de quem os assiste disparar, o medo e a ansiedade que as cenas provocam podem ser bons para a saúde.
Assistir a clássicos como O Exorcista e A Hora do Pesadelo estimula a produção de hormônios no cérebro capazes de reduzir o estresse.
Segundo a neuropsicóloga Kristen Knowles, da Queen Margaret University, na Escócia, os filmes de terror são uma forma segura de vivenciar o medo, pois as ficções produzem endorfina e dopamina, hormônios associados ao prazer e ao alívio do estresse.
“Ver filmes de terror pode tornar as pessoas mais tolerantes à dor devido a produção da endorfina. A resposta do corpo ao medo e ao suspense é aumentar a produção dos hormônios, como forma de se energizar para reagir a uma ameaça, daí vem o prazer associado ao pavor”, afirmou Kristen, em entrevista ao site escocês The Herald.
As reações provocadas pelos hormônios são acompanhadas de aumento na frequência cardíaca e maior atenção para a história. “Os filmes de terror são como um estimulante seguro, uma vez que as cenas são mais simplistas do que na vida real”, afirma a neuropsicóloga.
“Considere o paraquedismo como uma atividade semelhante. A situação é assustadora, mas é acompanhada da adrenalina, do instinto de sobrevivência e também da euforia ao sair da situação de medo”, destaca Kristen.
Hormônios liberados nos filmes de terror
A endorfina é responsável por aliviar dores, reduzir a ansiedade e trazer a sensação de bem-estar para o corpo. Ela também atua no nosso desenvolvimento mental e físico, além de equilibrar as emoções, auxiliando no funcionamento do organismo e melhorando a saúde como um todo.
A adrenalina, por outro lado, aumenta o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea, o que dá energia para a pessoa reagir em situações de ameaça. Já a dopamina é um neurotransmissor responsável por levar informações para várias partes do corpo e, quando é liberada, provoca sensação de prazer e aumenta a motivação.
Por que filmes de terror embrulham estômago
Um estudo feito por pesquisadores da Sapienza Università di Roma, na Itália, mostra que existe uma conexão forte entre a resposta do cérebro a situações ameaçadoras e as reações intestinais. A análise contou com a participação de 31 homens saudáveis, sem diagnóstico de distúrbios psicológicos, neurológicos ou digestivos.
Eles foram orientados a engolir uma pílula inteligente contendo um sensor, uma bateria e um transmissor sem fio para dar informações aos pesquisadores sobre o que acontece no interior do corpo humano quando somos expostos a diferentes sensações.
Com as pílulas devidamente posicionadas, os participantes foram convidados a assistir a videoclipes de nove segundos de duração em quatro sessões. Os vídeos tinham conteúdo alegre, repulsivo, triste, assustador e “neutro emotivo”. Ao final, os voluntários respondiam um questionário sobre como se sentiam.
As sensações gástricas aumentaram consideravelmente durante as cenas de medo, chegando ao máximo quando os participantes assistiam a clipes que lhes despertavam repulsa. A respiração também se tornava mais rápida, de maneira semelhante ao que acontecia em cenas tristes.
“Nossas descobertas apoiam as teorias somáticas das emoções, sugerindo que padrões específicos de sinais fisiológicos estão ligados a estados emocionais únicos e estão alinhados com as evidências comportamentais e neurais que destacam a estrutura discreta das emoções”, conclui o artigo, que foi publicado em fevereiro deste ano na plataforma bioRxiv.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!