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Seu filho vai mal na escola? Ele pode ser superdotado. Entenda sinais

Apesar de terem facilidade com o aprendizado, crianças superdotadas podem ter problemas na escola e comportamento confundido com transtornos

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Acervo pessoal/Metrópoles
Foto mostra Felipe Tozzini, que é superdotado, platnando bananeira no sofá de casa em 2006
1 de 1 Foto mostra Felipe Tozzini, que é superdotado, platnando bananeira no sofá de casa em 2006 - Foto: Acervo pessoal/Metrópoles

Durante toda a sua vida escolar, Felipe Tozzini, hoje com 25 anos, foi um aluno-problema. Dificilmente passava mais de um ano em uma mesma escola. Era agitado quando criança e no ensino médio, o extremo oposto: dormia em todas as aulas.

A origem do problema de Felipe estava, curiosamente, no fato de ele ser superdotado. Em vez do que o senso comum imagina para pessoas com este diagnóstico, também conhecido como altas habilidades, ele não teve mais vantagens na escola.

“Sempre me senti um pouco como um peixe fora d’água no ambiente escolar. É muito comum que as pessoas vejam ser superdotado como uma espécie de poder, algo como ser um gênio, mas ter altas habilidades é bom para alguns pontos, mas pode gerar dificuldades em outros”, aponta Felipe.

Na pré-adolescência, o comportamento na escola foi confundido com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e por três meses Felipe chegou a tomar ritalina, um psicoestimulante para combater o transtorno. “Meu filho ficou apático, não era mais ele”, lembra a mãe do rapaz, a escritora Cláudia Tozzini, 59.

O que é ser superdotado?

Na realidade, é comum que um superdotado enfrente dificuldades no ambiente escolar. De acordo com o psiquiatra Alexandre Valverde, especialista em neurodivergências, há muitas semelhanças entre o diagnóstico de altas habilidades com o de TDAH e o de autismo. Em todos estes diagnósticos, a exigência de comportamento da escola pode ser difícil de seguir.

“As crianças com altas habilidades são aquelas em que os neurônios têm mais conexões uns com os outros. Ao mesmo tempo que elas aprendem rápido e são bastante criativas, também são muito agitadas. Principalmente antes dos três anos, é muito comum confundir o diagnóstico com o de TDAH”, diz o psiquatra, que também tem altas habilidades.

Valverde aponta alguns sinais que são característicos de pessoas superdotadas:

  • Agitação extrema na primeira infância;
  • Curiosidade acentuada;
  • Alcance rápido de conquistas, como aprender a falar e a ler;
  • Capacidade de memória alta na primeira infância;
  • Talentos esportivos e manuais;
  • Postura questionadora a pensamentos hierárquicos;
  • Senso de dever e preocupação com a justiça incompatíveis com a idade.

“Não são só características positivas. Pessoas com altas habilidades costumam ter emoções muito intensas por sua grande quantidade de conexões cerebrais, então se estressam, amam, se entristecem, tudo em alta intensidade. Também é comum que tenham uma hipersensibilidade sensorial, com pouca tolerância a barulhos, texturas e luzes fortes”, explica o psiquiatra.

Imagem de diagrama de Venn que mostra os sinais de autismo, altas habilitadades e TDAH - Metrópoles

Vivendo com altas habilidades

Cláudia, a mãe de Felipe, sabia que seu filho tinha alguma excepcionalidade. Embora ele tenha sido orientado por psicólogas e pedagogos ao longo da vida, a hipótese de que Felipe fosse superdotado só apareceu aos 13 anos, graças à um diretor de escola prestes a se aposentar.

O diagnóstico só saiu quando ele tinha 14 anos. “Foi tão bom entender a jornada que tínhamos passado com ele. Meu filho tinha vergonha, não queria que eu levasse o relatório para a escola, mas foi importante para sabermos onde procurar as informações”, lembra a mãe.

A escritora começou a investigar cada um dos aspectos relacionados com as altas habilidades. Ela escreveu o livro Ele é superdotado, e daí?, publicado em 2014, quando Felipe tinha 16 anos, e reeditado neste ano.

“Queria facilitar a jornada de outras mães para que elas encontrassem conhecimento sobre as altas habilidades. Embora aprendam rápido, elas ainda são crianças: precisam de apoio emocional, estímulo e cuidado”, diz a escritora.

O processo de busca de conhecimento da mãe também ajudou Felipe a lidar melhor com o seu diagnóstico. “Entendi que existe mais gente como eu, mas ainda é difícil. Existe uma parte boa, de pensar fora da caixa, conseguir se dedicar a um assunto, mas ainda sofro um aspecto de autocobrança muito grande. Ser superdotado é algo que me torna eu mesmo, é uma peculiaridade minha que eu não modificaria, mas está longe de ser um super-poder”, explica o rapaz.

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Felipe Tozzini é jogador dos Tigers-SP
Foto mostra Felipe em 2006, anos antes de ter o diagnóstico de que é superdotado
Felipe Tozzini atualmente é quarterback em um time de futebol americano de São Paulo
Família de Felipe Tozzini
Capa do livro de Cláudia Tozzini
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Felipe Tozzini sempre mostrou aptidão para o esporte

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Felipe Tozzini é jogador dos Tigers-SP

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Foto mostra Felipe em 2006, anos antes de ter o diagnóstico de que é superdotado

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Felipe Tozzini atualmente é quarterback em um time de futebol americano de São Paulo

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Família de Felipe Tozzini

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Capa do livro de Cláudia Tozzini

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Diferentes tipos de superdotados

Além disso, nem todo superdotado é ótimo com matemática, sabe todos as capitais do mundo ou demonstra características acadêmicas fora do habitual. São muitas as variações, e uma pessoa com altas habilidades pode apresentar um ou mais talentos:

  • Aptidão acadêmica específica para disciplinas do seu interesse;
  • Pensamento produtivo ou criativo para tecnologias e avanços;
  • Talento especial para artes e manualidades;
  • Maior habilidade esportiva e de controle do próprio corpo.

No caso de Felipe, ele desenvolveu habilidades tanto para as artes como para o esporte. Ele é quarterback (jogador com função de organizar o ataque) de um time de futebol americano e também é músico. “Quando a gente gosta de uma coisa, vai fundo. Essas são as paixões que me movem e não me canso delas”, conclui.

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