Festa junina na pandemia: dá para fazer um encontro seguro?
Pelo 2º ano consecutivo, o coronavírus cancela o São João. Médicos respondem sobre riscos envolvidos na realização de uma festa pequena
atualizado
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Na próxima quinta-feira (24/6) é comemorado o Dia de São João. Tradicionalmente, os festejos acontecem durante todo o mês de junho mas, assim como em 2020, as grandes comemorações tiveram que ser canceladas para evitar a transmissão do novo coronavírus.
Na opinião de médicos infectologistas, o cancelamento dos festejos é necessário diante da situação em que o país se encontra. Com um percentual pequeno da população vacinada e com um grande número de novos casos e mortes diárias provocadas pela Covid-19, não é hora de se juntar para oportunizar a transmissão do vírus.
No entanto, ainda há quem queira realizar eventos menores, com um grupo reduzido de convidados. O Metrópoles procurou dois infectologistas para esclarecer riscos envolvidos e o que precisa ser feito para minimizá-los.
É possível fazer uma festa junina com amigos com 100% de segurança?
Não. Neste tipo de evento as pessoas tendem a se aglomerar e retirar as máscaras para comer e beber, o que aumenta o risco de transmissão do vírus.
A opção mais segura é comemorar apenas entre as pessoas que moram na mesma residência ou criar uma bolha social com um grupo restrito de amigos que tenham contato apenas entre si para tentar equilibrar proteção individual com interação social, sugere Victor Bertollo, médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília. Mas é fundamental que todos respeitem a orientação de não encontrar outras pessoas antes do evento.
“Zerar o risco é praticamente impossível. Nesse momento a gente tem que ter o máximo de cuidados possível porque não é seguro fazer qualquer tipo de aglomeração”, afirma Bertollo.
Qual é o risco de infecção?
Existem níveis diferentes de risco de infecção dentro das aglomerações. Ele está relacionado a fatores como: o local escolhido, o número de convidados e cumprimento das medidas de segurança para conter a transmissão do vírus.
Então como reduzir os riscos?
O ideal é que os encontros não sejam feitos, mas o risco pode ser reduzido se eles forem realizados ao ar livre, respeitando o distanciamento social de dois metros entre as outras pessoas e o uso correto de máscaras de alta proteção, como a PFF2 (também conhecida como N95).
“Em ambiente fechado, se não são familiares que convivem no mesmo teto, não é recomendável de forma alguma. Mesmo com vacinados, é preciso lembrar o fato mais importante: estamos em uma fase de altíssima transmissão viral”, afirma o presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, David Urbaez.
Os médicos destacam ainda que seguir as orientações de segurança é mais difícil quando se trata de um ambiente com música, comida e bebidas alcoólicas. “Na prática, nunca é assim que acontece. As pessoas se empolgam e vão se aproximando para conversar umas com as outras e o risco é muito alto”, pondera o infectologista Victor Bertollo.
Pessoas vacinadas contra a Covid-19 estão liberadas para participar das festas juninas?
Não existe vacina 100% eficaz contra a Covid-19. Elas reduzem o risco de adoecimento e de formas graves da doença, mas não garantem que as pessoas não serão infectadas.
Outro problema, na avaliação de Bertollo, é que, além do risco individual, os vacinados podem desenvolver uma forma leve da doença e transmitir o coronavírus para as pessoas que ainda não estão imunizadas.
“A pessoa está vacinada e reduz as medidas de proteção individual. No entanto, ela segue passível de ser infectada, desenvolver uma forma leve e acabar transmitindo para os amigos e os familiares, levando à ocorrência de óbitos”, explica.
Quando será possível comemorar novamente?
Especialistas afirmam que a taxa de transmissão do vírus só vai diminuir quando atingirmos a imunidade coletiva. Para o presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, a pandemia só será controlada quando 75% a 80% da população estiver vacinada.
“Infelizmente, isso é difícil de comunicar e, em um ambiente tão tomado pelo negacionismo, não há como construir conceitos baseados em probabilidades”, afirma Urbaez.
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