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Faro fino: projeto treina cachorros para detectar câncer de mama

Objetivo do Kdog é preparar cães para que eles consigam detectar, por meio do olfato, se mulheres têm câncer de mama

atualizado

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Divulgação/Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia
cachorro cheira barril
1 de 1 cachorro cheira barril - Foto: Divulgação/Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia

Os cães são conhecidos pela lealdade, fidelidade e amizade com os humanos. Essa sintonia tem se mostrado cada vez mais evidente quando o assunto é saúde. Estudos mostram que os animais, que têm aguçado sistema olfativo, são capazes de pressentir convulsões e até mesmo detectar câncer.

Explorando o método da biodetecção, foi lançado o Kdog Brasil, realizado em parceria com a Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia (SFBO). O objetivo é treinar cachorros para que eles consigam detectar, por meio do olfato, se a mulher possui ou não câncer de mama. O diagnóstico precoce da doença salva vidas.

O método não necessita do contato entre o animal e a paciente. De acordo com Leandro Lopes, responsável técnico pelo projeto, os resultados obtidos na França mostraram uma taxa de sucesso na detecção em cerca de 90% dos casos.

“Nosso foco é chegar até a população mais carente que não têm acesso a equipamentos como o mamógrafo e ajudar a reduzir o tempo médio de espera para o diagnóstico da doença”, destaca Leandro.

O método funciona como uma triagem. O diagnóstico e o estágio da doença continuarão sendo feitos por avaliação clínica. Se o câncer é identificado pelo cachorro, a pessoa pode passar à frente na fila para o exame, que então poderá confirmar ou não a suspeita.

A paciente que participar da triagem assina um termo e recebe um kit com sabonete neutro, duas compressas e um saquinho plástico. Antes de dormir, ela toma banho com o sabonete, se seca, coloca uma compressa entre cada mama e o sutiã. Ao acordar, lava a mão com o sabonete, pega as compressas, coloca no saquinho e envia para a sede do projeto, que fica em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

“Os materiais recebidos são depositados na pista de teste e, então, o cachorro entra no ambiente. Ao identificar um recipiente de alguém com câncer de mama, o cão para em frente a ele como forma de alerta”, explica Leandro.

Veja como funciona o método:

 

Biodetecção

A técnica é chamada de biodetecção, a mesma utilizada para, por exemplo, localizar substâncias ilícitas ou agentes patogênicos. Ela é simples, não invasiva e tem uma acertabilidade de 91,8%, comprovada cientificamente.

A ideia é que os cães sejam treinados para identificar variações no suor dos pacientes, que determinam a presença do câncer de mama. “Eles [os cães] nos ajudam com o que eles têm de mais forte, o sistema olfativo”, afirma Leandro.

Os cães que serão utilizados no método já foram adquiridos e estão em fase de treinamento. O espaço onde ficam conta com canil, baias, sala de detecção e local apropriado para o bem-estar e lazer. “Não são cães robotizados, não são cães de laboratório. São cães felizes que, na hora de desconcentração, estão brincando com bolinhas, se esfregando na grama. São nossos amigos”, completa.

O projeto terá início em Petrópolis, mas a ideia é que consiga atingir todo o país por meio de uma parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS). Os testes serão iniciados assim que os cachorros estiverem aptos para o serviço.

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Os materiais recebidos são depositados na pista de teste e, então, o cachorro entra no ambiente
Ao identificar um recipiente de alguém com câncer de mama, o cão para em frente a ele como forma de alerta
Cachorro em treinamento para o projeto KDOG Brasil
Amanda Evans-Nash e seu cachorro Jimmy
Lauren Gauthier e sua cachorrinha Victoria
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Cachorro do projeto KDOG Brasil

KDOG/Divulgação
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Os materiais recebidos são depositados na pista de teste e, então, o cachorro entra no ambiente

Leandro Lopes/Arquivo Pessoal
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Ao identificar um recipiente de alguém com câncer de mama, o cão para em frente a ele como forma de alerta

Leandro Lopes/Arquivo Pessoal
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Cachorro em treinamento para o projeto KDOG Brasil

Divulgação
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Amanda Evans-Nash e seu cachorro Jimmy

Reprodução/Instagram
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Lauren Gauthier e sua cachorrinha Victoria

Reprodução/Instagram
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Diane Papazian e seu cachorro Troy

Reprodução

 

Olfato aguçado

Histórias reais que comprovam a eficácia do método não faltam. O olfato aguçado de Jimmy alertou Amanda Evans-Nash de que havia algo errado. O cãozinho começou a farejar o seio da tutora e bater com as patinhas. De início, Amanda não entendeu o comportamento de Jimmy, mas ao apalpar a região descobriu um nódulo. Por isso, decidiu procurar um médico e recebeu o diagnóstico de câncer de mama. O caso aconteceu em Prestwich, no Reino Unido.

Graças à cachorrinha Victoria, resgatada de um abrigo para animais em Kentucky, nos Estados Unidos, Lauren Gauthier detectou um câncer logo no início, o que fez com que ele não se espalhasse para o resto do corpo. Intrigada pelo fato de Victoria cheirar seu nariz insistentemente, Lauren decidiu procurar um médico, descobrindo assim um câncer de pele no nariz.

A moradora de Nova York Diane Papazian deve a vida a seu cachorro. Percebendo que Troy, que ainda era um filhote de apenas quatro meses, mostrava interesse em uma protuberância em seu seio, ela decidiu fazer uma mamografia, sendo diagnosticada com câncer agressivo de mama.

Entre as raças treinadas pelo Kdog Brasil estão pastores holandês, belga malinois e alemão. Todos são usados na área de segurança pública e conhecidos pelo bom olfato, graças aos grandes focinhos, lotados de receptores.

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