Farmacêutico explica como remédios sabem onde agir no corpo humano
Especialista ensina como o princípio ativo do medicamento chega ao local necessário para tratar a enfermidade
atualizado
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Alguns remédios, como o paracetamol ou o ibuprofeno, por exemplo, agem em diferentes problemas de saúde: servem para diminuir a febre, a dor de cabeça, de dente, nas costas, do dedinho do pé quando damos uma topada… Mas, depois de tomar um comprimido, como será que os princípios ativos do medicamento descobrem exatamente onde está o problema no corpo humano?
O farmacêutico Tom Anchordoquy, professor na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, explica que, na verdade, as moléculas não vão para um lugar específico, e todas elas viajam pelo corpo até encontrar um local onde possam se encaixar.
“Os pesquisadores podem modificar quimicamente as moléculas da droga para ter certeza que elas vão se ligar fortemente a locais onde são esperadas, e de forma fraca onde não queremos que ajam”, escreve o cientista, em artigo publicado no site de divulgação científica The Conversation.
Anchordoquy ensina que uma pílula possui mais ingredientes do que apenas o remédio: é preciso garantir que o comprimido sobreviva à viagem, que entre no corpo e não seja completamente destruído no estômago, ou que a absorção pelo organismo seja atrasada.
Todo medicamento que é ingerido passa pelo mesmo caminho: é dissolvido no estômago, e as moléculas da droga são absorvidas e jogadas na corrente sanguínea. Elas vão circular pelo corpo todo, em diferentes órgãos e tecidos, até encontrar onde se encaixar.
“Mesmo que as drogas sejam desenhadas para encontrar receptores específicos e produzir o efeito desejado, é impossível impedir elas de circular pelo sangue e se unir a locais que não queremos, potencialmente causando efeitos colaterais”, conta o professor.
Os remédios não vão passear eternamente pelo sangue, e eventualmente passarão pelos rins e serão eliminados pela urina. Como nem todo medicamento é completamente absorvido, muitos precisam ser repostos — um bom exemplo é o remédio para pressão, que deve ser consumido todos os dias para garantir uma quantidade suficiente das moléculas circulando no organismo.
Método mais eficiente
Para evitar perdas de eficácia, o melhor jeito é a injeção diretamente na veia — dessa forma, o remédio não será degradado pelo estômago, e chegará completo à rede sanguínea.
Porém, esse método também aumenta o risco de efeitos colaterais, já que a concentração é maior e há chances de as moléculas encaixarem em locais onde não são esperadas.
O melhor jeito de garantir que o remédio chegará na concentração certa ao local correto é o uso tópico, uma pomada que é passada na ferida, ou um colírio aplicado nos olhos, por exemplo.
Anchordoquy explica que a comunidade científica estuda há muitos anos maneiras de melhorar a entrega das drogas ao organismo, mas o paciente ainda tem um papel muito importante no processo: é preciso respeitar os intervalos entre as doses, tomar o remédio e esperar o tempo de ação.
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