Faltam doses para vacinar 1 milhão por dia, dizem especialistas
Ministro da Saúde pretende, em curto prazo, ampliar em mais de 3 vezes a quantidade de pessoas imunizadas diariamente contra a Covid-19
atualizado
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Em sua primeira coletiva de imprensa, realizada nesta quarta (24/3), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que, em curto prazo, o Brasil começará a imunizar um milhão de pessoas contra a Covid-19 por dia. No momento, cerca de 300 mil doses são aplicadas diariamente no país.
O infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que o Brasil tem capacidade para aplicar até mais de um milhão de vacinas por dia. Esse número é alcançado facilmente nas campanhas anuais da imunização contra a gripe, onde se aplicam 80 milhões de doses em 80 dias.
“Isso só com as salas de vacina abertas. Com a criação de posto volante, drive thru, e outros locais de vacinação, temos capacidade para muito mais do que isso, talvez até dois milhões. Depende muito da convocação da população e da estrutura montada”, afirma.
Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, também acredita que o cenário é possível, e que os 37 mil postos de vacinação do Brasil são capazes de cumprir essa demanda. O problema, são as doses.
“Temos hoje 15 milhões de doses aplicadas das 30 milhões entregues. Com a decisão de não guardar mais as vacinas da segunda dose, é possível. A questão é se vamos ter sustentabilidade para manter, temos que observar como vai se comportar a distribuição das doses nas próximas semanas, se não vamos ter interrupção”, afirma.
Ela lembra que a fábrica de Biomanguinhos, da Fiocruz, já avisou que precisará diminuir a quantidade de doses entregues no próximo mês, e não se sabe se as outras fabricantes cumprirão os prazos pré-determinados.
Kfouri concorda, e lembra que para vacinar um milhão de pessoas por dia, é preciso ter a entrega de 30 milhões de doses por mês. Por enquanto, considerando o histórico dos três últimos meses, as quantidades de vacina entregues são bem menores do que o esperado.
“Parece mais um plano de intenções do que um cronograma de entrega. A gente vê atraso e não cumprimento de datas, ou inclusão de vacinas que não foram aprovadas pela Anvisa ou que nem apresentaram os resultados de fase 3. O cronograma de distribuição me parece tão lento que não sei se teremos em algum mês desse ano 30 milhões de doses. Na prática, esse cenário não parece tão real assim”, diz.
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