Exercício físico ajuda na fabricação de novos neurônios, sugere estudo
Segundo os pesquisadores, pessoas que se exercitam têm melhor raciocínio e isso se deve à multiplicação dos neurônios
atualizado
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Você sente que o raciocínio fica mais claro depois de fazer atividades físicas? Isso pode ter uma explicação: um estudo argentino sugere que a quantidade de neurônios cresce quando nos exercitamos.
Mesmo pessoas que são sedentárias conseguem ter uma memória espacial melhor se fizerem um pouco de exercício físico entre os testes, apontou o levantamento publicado em 2023 na revista científica iScience. Para os pesquisadores, a resposta está na geração de neurônios pelo organismo durante a prática.
“Nossa pesquisa avaliou a memória espacial, uma vez que ela é coordenada no hipocampo nos humanos. A mesma zona do cérebro é a responsável pela neurogênese (produção de neurônios), então uma melhora na memória espacial é um reflexo do desenvolvimento dos neurotransmissores”, explica o neurocientista e chefe do estudo Fabricio Ballarini em entrevista ao El País.
A avaliação indireta é necessária já que pesquisas feitas em humanos não podem avaliar questões moleculares cerebrais. “Mas considerando o aumento do fator neurotrófico derivado do cérebro em ratos após o exercício e os resultados que tivemos com a memória espacial, podemos concluir que as pessoas que se exercitam aumentaram seus neurônios”, aponta Ballarini.
A memória espacial registra informações sobre o ambiente e a localização dos objetos em um espaço já conhecido, mas deteriora-se com o envelhecimento e com doenças neurológicas, especialmente o Alzheimer.
Como foi feito o estudo?
A pesquisa selecionou 98 voluntários entre 18 e 40 anos para entrar em um simulador eletrônico em que se via uma paisagem desértica projetada nas paredes e no chão. Eles eram orientados a memorizar onde estava uma série de bandeiras.
Ao sair, os participantes foram separados aleatoriamente em dois grupos: um se exercitou em bicicleta ergométrica por 25 minutos (sem importar se a pessoa era ativa ou não em seu cotidiano) e outro que sentou e assistiu ao vídeo de uma corrida de ciclismo. No dia seguinte, todos voltaram para informar onde estavam as bandeirinhas.
A ideia era distinguir o impacto da atividade física na percepção. Todos os que praticaram exercício físico, inclusive os sedentários, conseguiram ter melhores recordações e localizar as bandeiras corretamente. Os que viram o vídeo, não.
Foi possível medir o impacto nos neurônios?
Embora os pesquisadores tenham considerado os resultados da pesquisa extremamente positivos, eles ressaltam que o estudo não pode determinar como nem em que volume a atividade física impacta na quantidade de neurônios, apenas seus efeitos.
“Nosso trabalho mostra que um único período de exercícios muito simples é benéfico para solidificar uma memória recém-adquirida. No futuro, essas descobertas poderão ser utilizadas nos tratamentos de saúde e também para motivar as pessoas a praticarem atividade física”, afirma Ballarini em entrevista à Universidade Nacional do Centro de Província de Buenos Aires, onde dá aulas.
Para os pesquisadores, o baixo custo e a natureza saudável da prática do exercício, com benefícios comprovados para a saúde geral, tornam a recomendação ideal para qualquer população.
O pesquisador-chefe esclarece que o estudo tem limitações, especialmente pela incapacidade de examinar diretamente as células do hipocampo, mas é um passo grande na consolidação da hipótese da formação de neurônios. “O objetivo final é demonstrar que a atividade física gera novos neurônios e sinto que estamos cada vez mais próximos”, conclui Ballarini.
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