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Estudos mostram que vacina não gera infertilidade em homens e mulheres

Especialistas negam a hipótese de infertilidade pós vacina e afirmam que a dose não penetra no óvulo, no espermatozoide e nem no embrião

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Infertilidade
1 de 1 Infertilidade - Foto: Getty Images

Desde que o mundo começou a vacinar contra a Covid-19 em 2020, dúvidas e suposições sobre efeitos adversos do imunizante começaram a surgir. Recentemente, um dos grandes questionamentos têm sido se as fórmulas podem causar efeitos negativos sobre a fertilidade humana. Um novo estudo, publicado na última terça-feira (25/1), nega a hipótese e mostra que a dose não consegue penetrar no óvulo, no espermatozoide e nem no embrião.

O Hospital Mount Sinai, nos Estados Unidos, analisou, entre fevereiro e setembro de 2021, os óvulos de 1.205 mulheres vacinadas e não vacinadas. Segundo descrito no artigo publicado na revista Obstetrics & Gynecology, não foram encontradas evidências suficientes de que a vacinação contra a Covid-19 causa infertilidade.

Quanto aos homens, um outro estudo avaliou que as taxas de fecundação e a probabilidade de concepção não sofreram alteração devido à imunização contra a Covid-19. Os cientistas afirmam que o que pode causar o problema é a contaminação pelo vírus, que pode ser evitada justamente por meio da vacinação. Para a conclusão, foram analisados os dados de 2.126 homens e suas parceiras que receberam a dose dos imunizantes da Pfizer, Janssen e Moderna entre dezembro de 2020 e novembro de 2021.

“O Sars-CoV-2 não consegue penetrar no óvulo, espermatozoide, e nem no embrião, porque essas estruturas não têm os mecanismos que permitem a invasão do vírus. Por isso, não se contraindica tentar engravidar nesse momento”, afirma, em nota, a ginecologista Hitomi Miura Nakagawa, da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). 

Fertilidade feminina

Pesquisadores do Hospital Mount Sinai retiraram óvulos dos ovários das mulheres monitoradas e os fertilizaram com esperma em laboratório, criando embriões que foram congelados. Em seguida, eles foram transferidos para o útero.

De acordo com os autores, a investigação não encontrou diferenças significativas na resposta à estimulação ovárica, qualidade dos óvulos, desenvolvimento embrionário ou resultados da gravidez entre pacientes vacinadas e não vacinadas. A ginecologista Nakagawa explica que a vacina contra Covid-19 não causa infertilidade porque é composta por vírus mortos ou parte deles. 

 “No caso das mulheres que tiveram Covid-19, a qualidade dos óvulos também pode ficar temporariamente comprometida, daí a recomendação de se vacinar mulheres que estão tentando engravidar”, completa a médica.

Fertilidade masculina

De acordo com o especialista em medicina reprodutiva e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Edson Borges, as vacinas contra Covid-19 não afetam a fertilidade masculina. Porém, a doença pode ter efeitos na reprodução quando o quadro imunológico do paciente fica muito baixo.

O urologista afirma que o vírus pode impactar a qualidade e quantidade do esperma do homem, mas provavelmente é apenas por um curto período de tempo e não ameaça a fertilidade.

“Isso deve ser reconfortante para as pessoas que esperam conceber após a recuperação da Covid-19”, declara Borges.

Outros estudos de meta-análise – junção de várias pesquisas – também fizeram levantamentos semelhantes e apontam que a magnitude dos efeitos do Sars-CoV-2 no sêmen parece estar relacionada à gravidade da doença, não à infecção em si.

A médica Nakagawa alerta ainda que os dados científicos demonstram que os homens que têm Covid-19 apresentam alterações no sêmen e têm até a a possibilidade de apresentar ausência de espermatozoide se a doença atingir um grau muito grave.

Os cientistas acreditam que, pela característica dos casos, é provável que os efeitos estejam ligados a aspectos da resposta imune do paciente. A pesquisa com o gênero masculino foi publicada pelos autores no American Journal of Epidemiology em 20 de janeiro. 

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