Estudo sugere terapia para tratar vício em videogames em adolescentes
Pesquisa alemã usou terapia cognitiva comportamental para regular sentimentos como tédio e ansiedade social relacionados ao vício
atualizado
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Desde outubro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o vício em videogames uma doença — a atividade, quando é feita em excesso e às custas de outros interesses e atividades, entrou para a Classificação Internacional de Doenças.
A situação é especialmente preocupante em adolescentes e piorou durante a pandemia. Porém, pesquisadores da Goethe-University Frankfurt e Heidelberg University, ambas na Alemanha, tiveram bons resultados tratando pacientes com terapia cognitiva comportamental. O estudo foi publicado na última sexta (18/2) na revista científica JAMA Network Open.
Participaram da pesquisa 422 estudantes de ensino médio de 33 escolas, com idades entre 12 e 18 anos. Os voluntários foram divididos em dois grupos — um não faria qualquer treinamento, e o outro, passaria pela terapia apelidada de Protect.
O programa incluía quatro sessões de 90 minutos com psicólogos. Como outras técnicas de terapia cognitiva comportamental, a ideia é mudar padrões de pensamento negativos para alterar o comportamento. No caso do vício em videogames, o foco ficou no sentimento de tédio, ansiedade social e problemas motivacionais nos adolescentes.
Um ano depois do início do tratamento, a gravidade dos sintomas de vício em videogames caiu 39,8% nos adolescentes que fizeram a terapia. No grupo controle, a queda foi de 27,7%.
“As análises descritivas dos sintomas mostraram um aumento inicial na gravidade dos sintomas do distúrbio do jogo, ou distúrbio não especificado do uso da internet, no primeiro mês no grupo de intervenção em comparação com uma diminuição na gravidade dos sintomas no grupo controle apenas de avaliação”, escrevem os pesquisadores.
Esse paradoxo pode ser explicado por um reconhecimento maior dos sintomas nos pacientes que passaram pela terapia.
A pesquisa continua, e os cientistas querem descobrir se a técnica pode ser usada também em outros grupos de risco. A ideia é que, no futuro, professores e conselheiros educacionais possam aplicar alguns dos passos da Protect em escolas para prevenir casos de vício entre estudantes.