Estudo sugere que pipoca de micro-ondas pode causar danos cerebrais
Pesquisa da USP avaliou cérebro de ratos que consumiram por 90 dias composto responsável por dar sabor amanteigado ao produto
atualizado
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Para acompanhar um filme no sofá de casa, a pipoca é uma das principais opções de muitas pessoas. O Brasil é o segundo país que mais consome o alimento no mundo. Porém, estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) lança um alerta ao sugerir que o consumo da pipoca de micro-ondas pode gerar danos à saúde.
Os cientistas do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP identificaram moléculas associadas ao Alzheimer no cérebro de ratos que consumiram durante 90 dias seguidos o diacetil, composto responsável por dar sabor e aroma amanteigado à pipoca de saquinho comercializada nos supermercados.
O diacetil ganhou destaque no ramo alimentício principalmente por seu uso como conservante e flavorizante (substância que acentua aromas e sabores). Ele também é encontrado naturalmente em produtos como cafés, cervejas e chocolates. Porém, na pipoca de micro-ondas é usado como aditivo, em maior concentração.
“Nós observamos que realmente existe essa tendência do diacetil causar danos ao cérebro. De 48 proteínas cerebrais que avaliamos após a exposição dos animais ao produto, 46 sofreram algum tipo de desregulação ou modificação em sua estrutura por conta do consumo prolongado do composto”, explica Lucas Ximenes, doutorando do IQSC e autor da pesquisa.
De acordo com Lucas, algumas pesquisas também já comprovaram que o diacetil é capaz de causar doenças pulmonares, como a bronquiolite obliterante, apelidada como “doença da pipoca de micro-ondas”.
Riscos e opções
Mas isso quer dizer que devemos parar de consumir o produto?
A nutricionista Laura de Souza, da clínica Nutrindo o Conhecimento, afirma que é importante, sempre que possível, evitar o consumo de alimentos industrializados. “Esse tipo de alimento tem, em sua maioria, alguma quantidade de química para dar sabor, textura e até mesmo aumentar a durabilidade do produto. Esses ingredientes não fazem bem para a saúde a longo prazo”, explica.
A nutricionista destaca que a pesquisa foi feita em ratos. Além disso, levou em consideração um período longo e frequente de consumo: 90 dias, o que nem sempre ocorre na vida das pessoas. De acordo com ela, não é preciso deixar de consumir pipoca, que inclusive é uma aliada das dietas. Mas destaca que existem formas mais saudáveis para ingerir o produto.
Ela dá algumas sugestões:
Opção 1:
Colocar quatro colheres de sopa de milho de pipoca e uma colher de azeite em uma vasilha de vidro coberta com papel filme e levar ao micro-ondas por três minutos.
Opção 2:
Colocar quatro colheres de sopa de milho de pipoca e uma colher de azeite em panela funda em fogo alto e balançar até estourar tudo.
Opção 3:
Usar a pipoqueira elétrica.
(*) Letícia Perdigão é estagiária do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia