A pesquisa comparou mais de 1.300 pessoas infectadas com o vírus, sendo que metade usou a ivermectina e a outra, um placebo. “Realmente, não há sinal algum de benefícios”, disse David Boulware, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Minessota (EUA).
No Brasil, pesquisadores montaram um ensaio clínico conhecido como “Together” em junho de 2020 para testar pacientes de Covid com uma série de medicamentos amplamente utilizados, incluindo a ivermectina. Os tratamentos foram duplo-cegos, o que significa que nem os pacientes nem a equipe médica sabiam se receberam um medicamento para tratamento da Covid ou um placebo.
A equipe “Together” relatou seus dados de ivermectina: entre março e agosto de 2021, os pesquisadores forneceram o medicamento a 679 pacientes ao longo de três dias. Os resultados demonstraram que o uso de ivermectina não reduz o número de internações por Covid.
Os pesquisadores se concentraram em diferentes grupos de voluntários para ver se eles experimentaram benefícios que outros não tiveram. Por exemplo: pode ser possível que a ivermectina funcione apenas se tomada no início de uma infecção.
Mas os voluntários que tomaram ivermectina nos primeiros três dias após um teste positivo de coronavírus tiveram resultados piores do que os do grupo placebo.
O Dr. Boulware duvidava que os estudos adicionais chegassem a uma conclusão diferente, já que o estudo Together era tão grande e cuidadosamente projetado. “Raramente você esperaria encontrar algo diferente”, disse ele.
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Os tratamentos para a Covid-19 podem variar conforme o quadro apresentado. Em casos mais leves, onde há presença de dores musculares, dor na cabeça, perda do paladar ou do olfato, tosse intensa e febre, repouso e o uso de certos medicamentos podem auxiliar no alívio dos sintomas
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Em casos mais graves, em que o paciente possui dificuldade para respirar ou apresenta dor no peito, é necessário realizar tratamento hospitalar
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No Brasil, alguns medicamentos foram autorizados pela Anvisa como tratamento para a Covid-19. Um deles é o baricitinib, fortemente recomendado para pacientes com quadros graves da infecção, pois aumenta a probabilidade de sobrevivência às complicações que o coronavírus pode causar
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O medicamento age diminuindo os danos causados pelo coronavírus nas células e diminui inflamações. É fornecido na forma de comprimidos de 2 mg ou 4 mg e deve ser utilizado somente com prescrição médica
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O anticorpo monoclonal sotrovimab é outro medicamento autorizado pela agência reguladora como tratamento para a Covid-19. No entanto, ele é indicado apenas para quadros leves da doença e deve ser utilizado quando os primeiros sintomas se manifestarem
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Segundo a farmacêutica GSK, o sotrovimabe é eficaz contra mutações do coronavírus, assim como as que caracterizam a variante Ômicron. O remédio é injetável e de uso restrito a hospitais
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A dexametasona, um corticoide, é outro tratamento autorizado. Segundo estudos, o medicamento é indicado para pacientes com quadros graves. Ele é capaz de reduzir a mortalidade apenas quando o uso de oxigênio é necessário
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Apesar de ser indicado por órgãos de saúde, o corticoide não deve ser utilizado sem orientação médica, pois pode piorar o quadro clínico se usado precocemente
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A Anvisa também concedeu permissão para a utilização do coquetel de anticorpos REGN-COV. O tratamento é indicado para pessoas que estão apresentando os primeiros sintomas da doença e não precisam de internação, mas que possuem risco maior de desenvolver quadros graves
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Para o uso do coquetel, que contém dois anticorpos monoclonais, o casirivimabe e imdevimabe, é necessário prescrição médica. Ele é aplicado via infusão intravenosa e, segundo a fabricante, reduz em até 70% o risco de hospitalização ou morte. Em casos graves, o medicamento não deve ser utilizado, pois pode piorar o quadro
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Assim como os corticoides, os bloqueadores dos receptores de interleucina-6 também são indicados para tratar sintomas graves da Covid-19, pois reduzem a morte pela doença. No entanto, para a utilização do medicamento é necessário prescrição médica, pois o uso indevido pode piorar o quadro do paciente
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Todos os medicamentos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária são de uso restrito hospitalar e são tratamentos para pessoas que estão com coronavírus. Até o momento, nenhum remédio se mostrou eficaz para prevenir a infecção pela doença
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“Agora que as pessoas podem se aprofundar nos dados e nos detalhes, esperamos que isso faça com que a maioria dos médicos se afaste da ivermectina e mude para outros tratamentos”, afirmou Boulware.
O remédio foi amplamente divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar a doença, apesar de não haver comprovação científica nesse sentido.
A ivermectina é usada para tratar vermes parasitas no intestino, além de piolhos e algumas doenças na pele. O medicamento também é usado em animais para prevenir dirofilariose (verme do coração) e certos parasitas internos e externos.