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Estudo revela que peste bubônica influencia sistema imune até hoje

Pesquisadores identificaram que genes responsáveis pela sobrevivência à pandemia conhecida como “peste negra” ainda estão no corpo humano

atualizado

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imagem microscópica de molécula de DNA em cor azul
1 de 1 imagem microscópica de molécula de DNA em cor azul - Foto: Pixabay

Um estudo divulgado na revista científica Nature, na quarta-feira (19/10), revelou que a peste bubônica – entre as maiores pandemias que o mundo já conheceu –  apresenta impactos no corpo humano até hoje.

A pesquisa foi conduzida por um consórcio internacional que juntou pesquisadores dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França e Dinamarca e analisou mais de 500 amostras de DNA de pessoas que viveram em Londres e na Dinamarca entre 1300 e 1400, período no qual a doença, que era conhecida como “peste negra”, se alastrou.

Os pesquisadores buscavam encontrar sinais de uma possível adaptação genética que teria provocado resistência à bactéria que provoca a peste bubônica. Ao todo, os estudos duraram 7 anos.

Os cientistas acreditam que a ferramenta adaptativa está em quatro genes que participam da defesa do sistema imune contra microrganismos invasores. As alterações neles teriam protegido a população sobrevivente à praga, cujo ápice foi entre 1342 e 1353, na Baixa Idade Média.

“Em uma pandemia que matou entre 30 e 50% da população, é muito provável que haja a seleção genética. Mesmo uma pequena vantagem significa a diferença entre a vida e a morte, e é claro que os sobreviventes em idade reprodutiva passaram os genes para os descendentes”, disse Hendrik Poinar, geneticista evolucionista que coordenou o artigo, em um comunicado de divulgação.

As alterações identificadas no DNA comprovaram conferir maior proteção contra a doença. Os pesquisadores acreditam que pessoas com duas cópias idênticas de um dos genes, o ERAP2, tiveram uma taxa de sobrevivência de 40% a 50% maior do que os indivíduos sem os dois genes iguais. A duplicação de uma versão boa do gene teria feito com que as células de defesa do organismo combatessem a bactéria com maior eficácia.

“A vantagem seletiva associada aos genes selecionados é uma das mais fortes já encontradas em humanos. Isso revela como um único patógeno (agente infeccioso) pode causar um impacto tão grande na evolução do sistema imunológico”, afirmou o geneticista Luis Barreiro, professor de Medicina Genética da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Ele também participou do artigo.

Influência hoje

Segundo os pesquisadores, as mesmas variações encontradas nas amostras estão associadas ao desenvolvimento de doenças autoimunes. Essas enfermidades acontecem quando o próprio sistema imunológico ataca o corpo do paciente, como na diabetes tipo 1, vitiligo e artrite reumatoide.

Por causa das alterações, os indivíduos ficaram mais vulneráveis a desenvolver as doenças autoimunes porque os genes identificados aumentam a resposta do sistema de defesa do organismo. Tal reação pode fazer tecidos saudáveis serem reconhecidos como invasores, fazendo os anticorpos e células de defesa atacarem o próprio organismo.

Os pesquisadores indicam que algumas das condições associadas às variações que um dia protegeram o corpo humano contra a peste bubônica são a doença de Crohn e a artrite reumatoide. A primeira causa inflamações intensas no intestino, enquanto a segunda causa dores nas articulações.

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