Estudo mostra que tamanho da célula cancerígena pode guiar tratamento
O estudo foi realizado com células cancerígenas do tipo melanoma, mas os pesquisadores acreditam que a teoria é válida para outros tumores
atualizado
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Um novo estudo publicado na revista científica Science Avances na última quarta-feira (25/1) descobriu que células cancerígenas têm a capacidade de mudar de tamanho para resistir a terapias e de construir barreiras para garantir sua sobrevivência. Os dados obtidos podem ser úteis para a criação de novos tratamentos potenciais contra o câncer.
O estudo, realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, fornece ainda uma nova visão sobre como essas alterações interferem em diferentes terapias. Os cientistas acreditam que um tipo menor de células doentes pode ser mais suscetível a tratamentos que visam danificar seu DNA de modo geral, como as quimioterapias, enquanto um outro tipo de células maior pode ser mais vulnerável ao tratamento com a imunoterapia.
A descoberta levou os cientistas a concluírem que, antes de iniciar um tratamento contra o câncer, pode ser feita a administração de remédios para forçar as células cancerígenas a chegarem em um tamanho específico, aumentando a eficácia do tratamento.
Tamanho faz diferença
Para chegar ao resultado, os cientistas utilizaram técnicas avançadas de análise de imagem e exames de DNA e proteína em milhões de células de câncer de pele do tipo melanoma para monitorar o seu tamanho. Eles explicam que esse tipo da doença é ocasionada por duas mutações genéticas, sobretudo a BRAF e NRAS.
Eles passaram a analisar possíveis diferenças nos tamanhos das células de cada versão do câncer. De acordo com eles, as células dos cânceres com alteração BRAF eram muito pequenas, enquanto as com a mutação NRAS, principalmente as resistentes aos medicamentos disponíveis, eram muito maiores. Essa diferenciação no tamanho seria devido às mutações, que conseguem regular os níveis de uma proteína envolvida na divisão celular.
No estudo, foi observado que as células menores tinham uma grande concentração de proteínas que reparam o DNA, como a PARP, e por isso eram capazes de tolerar níveis mais altos de danos no código genético. Por isso, medicamentos inibidores de PARP, um tipo de quimioterapia oral, podem ser mais eficazes.
As células grandes, por sua vez, não possuem alta concentração das proteínas reparadoras. Elas acumulam os danos e aumentam de tamanho com o tempo, levando-as a não depender do mecanismo de reparo do DNA para sua sobrevivência.
Por isso, para elas, os inibidores e a quimioterapia oral podem não ser tão efetivos, e a imunoterapia pode surtir mais efeito, visto que o acúmulo de mutações torna essas células mais estranhas ao organismo. Os pesquisadores já estão inclusive testando essa hipótese.
Embora o estudo tenha se concentrado no câncer do tipo melanoma, os pesquisadores acreditam que a teoria é válida para vários outros tipos de tumores e estão realizando trabalhos para confirmar a hipótese.
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