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Estudo mostra que anticorpos podem causar sintomas da fibromialgia

Sensibilidade intensa para a dor, sintoma típico da síndrome, é provocada por anticorpos do próprio paciente. Doença atinge mais as mulheres

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As causas da síndrome da fibromialgia ainda não foram completamente esclarecidas pela ciência, mas pesquisadores britânicos indicam um novo alvo de investigação.

Cientistas do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College London, em parceria com a Universidade de Liverpool e o Instituto Karolinska, demonstraram em novo estudo que a dor difusa, fraqueza e fadiga muscular, sintomas típicos da síndrome da fibromialgia, são causadas pela ação de anticorpos do próprio paciente.

A descoberta aponta para a inclusão da fibromialgia como uma doença do sistema imunológico e abre caminhos para outros estudos terapêuticos que combatem os anticorpos responsáveis pela disfunção imunológica. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Journal of Clinical Investigation, na quinta-feira (1º/7).

A equipe de cientistas inseriu os anticorpos de pacientes com fibromialgia em camundongos. Eles observaram nos roedores sintomas semelhantes aos relatados pelos pacientes, como grande sensibilidade à compressão e ao frio.

As cobaias também apresentaram força dos membros diminuída e movimentos prejudicados. Já os roedores que receberam anticorpos de pessoas sem fibromialgia não manifestaram essas reações. Algumas semanas depois, quando as cobaias ficaram livres dos anticorpos vinculados à fibromialgia, se recuperaram.

O estudo sinaliza que os anticorpos dos próprios pacientes são, potencialmente, um dos principais fatores que provocam a enfermidade. A partir disso, os pesquisadores apontam para um tratamento mais eficiente para combater, ou ao menos aliviar, a fibromialgia, com terapias existentes que reduzem o volume de anticorpos em outros distúrbios.

David Andersson, que liderou o projeto, animou-se com as descobertas: “Tínhamos um conhecimento limitado da doença. O tratamento para a síndrome da fibromialgia era focado em exercícios aeróbicos suaves, drogas para o manejo da dor e terapias psicológicas, embora nada se mostrasse eficaz para a maioria dos pacientes. Isso agora vai mudar”, aposta o cientista, em anúncio feito pelo King’s College.

A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) explica que a síndrome da fibromialgia se manifesta pela dor muscular generalizada e crônica, que chega a durar três meses sem aparente inflamação no local. A síndrome também provoca cansaço, dificuldades para dormir, podendo levar a alterações na memória, problemas de concentração, ansiedade e depressão.

Ainda de acordo com a SBR, a fibromialgia afeta 2,5% da população mundial  e é mais comum entre pessoas de 30 e 50 anos de idade, mas existem pacientes mais jovens e mais velhos. Estima-se que entre 70 e 90% das pessoas que sofrem com a enfermidade são mulheres.

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