metropoles.com

Estudo inédito da UnB pode ter impacto na indústria alimentícia. Entenda

Pesquisa de vanguarda feita na UnB avança no entendimento do funcionamento de uma bactéria essencial para a indústria alimentícia

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Luis Gustavo Prado/Secom UnB
Imagem colorida mostra os quatro pesquisadores em laboratório da UnB - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra os quatro pesquisadores em laboratório da UnB - Metrópoles - Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

Pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) conseguiram, pela primeira vez no Brasil e possivelmente na América Latina, analisar as proteínas de uma bactéria muito importante para a alimentação e a agricultura.

Usando uma máquina ainda rara no país, os cientistas fizeram uma espectometria de massas na bactéria Corynebacterium glutamicum — entre outras substâncias, ela produz glutamato (usado na alimentação) e lisina (componente da ração de aves e porcos).

O glutamato é um aminoácido usado pela indústria alimentícia para realçar sabor, e é responsável pelo gosto umami. Ele está presente em vários molhos, enlatados e embutidos, salgadinhos, temperos prontos e macarrão instantâneo.

A espectometria de massas é uma técnica que analisa a proporção de massa e a estrutura de uma molécula para identificar de detalhar seus compostos.

“Foi o primeiro artigo usando a técnica no país, e é 100% brasileiro — todos os pesquisadores que assinam são da UnB. Uma das coisas que descobrimos é que algumas enzimas relacionadas à produção de glutamato têm modificações ainda não descritas na literatura”, explica o professor Luiz Henrique do Vale, um dos responsáveis pelo trabalho. A pesquisa foi financiada pelo Fundo de Apoio à Pesquisa (FAP) do Distrito Federal.

Ele conta que essa descoberta é importante para entender melhor como a bactéria funciona e aprender a interferir em seus ciclos com o objetivo de otimizar a produção do glutamato e da lisina.

O maior desafio foi conseguir, de fato, operar a máquina para aplicar a técnica. Luiz precisou fazer o pós-doutorado nos Estados Unidos para aprender como fazer a espectometria de massas.

“Depois disso, foi complicado fazer a pesquisa em si. O aparelho parou de funcionar várias vezes, e sempre era necessário pedir verba de manutenção. Os gastos são altos: estávamos com um contrato de 300 mil reais, mas não temos mais”, conta o pesquisador.

O grupo tenta agora financiamento para comprar uma máquina mais nova, que pode custar mais de um milhão de reais.

O estudo foi publicado na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature, em fevereiro deste ano. Luiz aponta que a pesquisa é essencial para manter a força e potência da universidade no cenário científico brasileiro. “Conseguimos contribuir para colocar a UnB na vanguarda da pesquisa”, diz.

Próximos passos na UnB

A pesquisa com o espectômetro de massas continua. Outra linha sendo estudada é voltada para a área ambiental. A equipe de Luiz encontrou alguns fungos do Cerrado que consomem petróleo e poderiam ser usados, no futuro, para ajudar a resolver derramamentos de óleo.

“Estamos investigando bioquimicamente como ele se movimenta para consumir o material. Fiquei surpreso que alguns dos fungos gostam mais de petróleo do que de carboidratos de glicose, e acabam crescendo bastante. Era um tiro no escuro”, conta o professor.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?