Estudo indica que vacina de febre amarela pode ser usada contra a zika
Pesquisadores do Rio de Janeiro divulgaram trabalho recente associando o uso da imunização existente no combate aos efeitos do vírus
atualizado
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A vacina de febre amarela, considerada eficiente, certificada e disponível há anos na rede pública de saúde, pode servir para proteger contra o zika vírus. A informação foi divulgada por 16 pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), de acordo com a BBC Brasil.
A pesquisa, que está em fase de revisão para ser publicada em sites científicos, concluiu que a vacina da febre amarela protegeu camundongos da infecção do vírus em laboratório, reduzindo a carga viral no cérebro e prevenindo deficiências neurológicas.
Atualmente, sabe-se que tanto a zika quanto a febre amarela são transmitidas por um vírus da família dos Flavivírus. Dentro da hipótese a ser verificada, os pesquisadores também consideraram o fato de a maior incidência de zika estar no Nordeste do pais, onde está a menor cobertura vacinal para febre amarela.
Foram realizados testes com dois grupos de camundongos, sendo um de animais saudáveis e outro de espécimes com o sistema imune comprometido, estes mais suscetíveis à propagação do vírus. Uma parte dos camundongos recebeu a vacina de febre amarela e o restante, somente uma solução salina, sem nenhum efeito imunológico. Em seguida, todos receberam injeções intracerebrais do vírus da zika, de modo a simular infecções com alto índice de letalidade.
O resultado mostrou que os animais que não receberam a vacina e já estavam com o sistema imune comprometido morreram. Entre os vacinados, até mesmo os com a imunidade baixa sobreviveram. Todos, no entanto, apresentaram carga viral extremamente reduzida no cérebro.
Desde 2016, cientistas brasileiros estão em busca de uma vacina eficaz contra o zika vírus, que provoca microcefalia e malformações neurológicas em bebês, além de estar associado ao surgimento da síndrome de Guillain-Barré em adultos. Os pesquisadores da UFRJ estão há dois anos trabalhando nessa pesquisa. O próximo passo será repeti-la com primatas.