Estudo desafia consenso sobre dieta mediterrânea e demência. Entenda
Pesquisa feita ao longo de 20 anos na Suécia concluiu que a alimentação por si só não tem influência sobre o declínio cognitivo
atualizado
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A dieta mediterrânea, rica em alimentos frescos e naturais, é indicada há anos como uma das mais benéficas para a preservação das habilidades cognitivos – a capacidade estaria até provada por pesquisas científicas. Um novo estudo, feito ao longo de duas décadas na Universidade de Lund, na Suécia, questiona esse consenso. Os pesquisadores dizem que a estratégia alimentar não é capaz de diminuir os riscos de uma pessoa desenvolver demência ou de retardar a progressão da doença.
A dieta mediterrânea se popularizou por ser rica em vegetais, legumes, frutas, peixes e gorduras insaturadas, como azeite de oliva, e pobre em laticínios, carnes vermelhas e gorduras saturadas, comumente associadas ao declínio da cognição. Também ficou famosa porque é o protocolo alimentar padrão de cidades europeias nas quais o número de pessoas centenárias é acima da média.
O grupo de pesquisa da Suécia buscou esclarecer se a adesão à alguma estratégia alimentar estava associada à redução do risco de desenvolvimento de demências. O trabalho monitorou os voluntários por 20 anos e foi publicado na revista Neurology, em 12 de outubro.
“Neste estudo de acompanhamento de 20 anos, nem a adesão às recomendações dietéticas convencionais nem a dieta mediterrânea modificada foram significativamente associadas à redução subsequente do risco de desenvolver demência por todas as causas ou Alzheimer”, escreveram no artigo.
O estudo contou com 28.025 participantes. No início da pesquisa, a idade média deles era de 58 anos e nenhum tinha diagnóstico de demência. Os primeiros exames de avaliação foram feitos entre 1991 e 1996, com acompanhamento para diagnóstico até 2014.
Os voluntários preencheram diários alimentares de sete dias, responderam questionários detalhados de frequência alimentar e foram submetidos a entrevistas pessoais durante o período.
Ao final do estudo, 1.943 pessoas (6,9%) haviam recebido diagnóstico de demência, mas não foi estabelecida nenhuma relação entre os hábitos alimentares delas e esse problema específico de saúde. Os cientistas concluíram que a alimentação por si só não tem influência no declínio cognitivo.
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