Um estudo divulgado em julho a partir de uma parceria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a Polícia Científica do Estado registrou a presença de octodrina em 10 amostras de cigarro eletrônico coletadas em Joinville. A substância pertence ao grupo das anfetaminas, podendo causar danos ao coração, e é altamente viciante.
“Existe uma grande diversidade de substâncias no grupo das anfetaminas. O fato é que todas agem de forma semelhante no sistema nervoso central: deixando o indivíduo mais agitado, mais animado, mais excitado. Por outro lado, também podem causar dano no coração”, alerta a professora Camila Marchioni, líder do estudo, em entrevista à Agência Brasil.
Em nenhuma das embalagens dos produtos estava prevista a presença da droga — as pessoas consumiam o entorpecente sem saber.
Os dados coletados pelos especialistas também indicam a presença de derivados de glicerina, flavorizantes e nicotina nas amostras, todas substâncias cancerígenas, o que refuta a ideia anteriormente difundida de que os vapores emitidos pelos dispositivos eletrônicos de fumar seriam inofensívos.
A investigação também alertou que mesmo substâncias que aparentemente não causam problemas de saúde não tiveram análises cientificamente feitas para inalação após exposição a altas temperaturas, por isso não se conhece os efeitos que os vapes podem ter ao longo do tempo.
“Esses produtos levam a um vício muito extremo e possuem um risco que nunca poderá ser controlado ou reduzido. Não sabemos o que eles contêm, mas temos visto pacientes terem câncer de pulmão aos 30 anos, uma doença que antes era mais frequente apenas em idosos, por terem começado a usar esses dispositivos aos 12 anos”, completa a especialista.
Consumo de vape é cada vez mais frequente
Apesar dos riscos, a população que consome cigarros eletrônicos no Brasil é cada vez maior. Um relatório do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) estimou em janeiro que há cerca de 3 milhões de consumidores de vape no Brasil. Nos seis primeiros meses deste ano, a Receita Federal apreendeu 760 mil dispositivos eletrônicos de fumar.
“O cigarro eletrônico no Brasil é 100% ilegal. Quem domina esse mercado é o crime organizado, que visa apenas o lucro, sem se preocupar com normas sanitárias, procedência ou segurança para os consumidores. Essa falta de regulamentação deixa quase três milhões de brasileiros expostos a um produto de origem desconhecida, cujos riscos à saúde são potencializados pela ausência de qualquer tipo de fiscalização ou controle. O comércio ilegal desses dispositivos não só prejudica a economia e à saúde pública, mas também fortalece o crime organizado no país”, afirma Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria (FNCP).
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Cada vez mais popular no Brasil, o vape, cigarro eletrônico ou e-cigarrette tem se tornado um verdadeiro fenômeno entre os jovens. O produto, geralmente, tem aparência semelhante a de um cigarro comum, mas também pode ser encontrado em formato de pen drive ou caneta
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Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no Brasil
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No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuários
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Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)
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Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotina
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Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígena
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Ainda segundo os especialistas, o líquido produzido pelo cigarro eletrônico tem pelo menos 80 substâncias químicas consideradas perigosas e responsáveis por reforçar a dependência na nicotina
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Além disso, o uso diário de cigarros eletrônicos causa estado inflamatório em vários órgãos do organismo, incluindo o cérebro. Novas pesquisas indicam que a utilização também pode desregular alguns genes e fazer com que o usuário desenvolva uma condição chamada EVALE, lesão causada pelo produto nos pulmões
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O neurologista Wanderley Cerqueira, do Hospital Albert Einstein, explica que os efeitos no usuário variam dependendo da nicotina e dos sabores líquidos, que influenciam a forma como o corpo responde às infecções. Segundo ele, vapes de menta, por exemplo, deixam as pessoas mais sensíveis aos efeitos da pneumonia bacteriana do que outros aromatizantes
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O especialista alerta que as células imunológicas parecem ser desativadas à medida que os pulmões são continuamente encharcados com produtos químicos. Esse processo enfraquece as defesas do organismo contra ameaças como pneumonia ou câncer
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Ainda segundo o médico, mesmo os vapes sem sabor são perigosos. Isso porque eles possuem outros aditivos químicos em sua composição, como propilenoglicol, glicerina, formaldeído e a própria nicotina, que causa câncer
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Uma pesquisa da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, encontrou níveis perigosos de toxinas em produtos usados para conferir sensação mentolada em cigarros eletrônicos. Foram verificados problemas em várias marcas dessas substâncias mas, principalmente, na Puffbar, uma das mais populares do mundo
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Os cientistas encontraram níveis das toxinas WS-3 e WS-23 acima dos considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no fluido do produto. Dos 25 líquidos analisados, 24 tinham WS-3, por exemplo
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As substâncias são usadas em aditivos alimentícios para dar o “frescor” do mentolado sem o sabor de menta, mas não devem ser inaladas. Elas são encontradas também em produtos nos sabores de manga ou baunilha
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