Estudo americano associa suicídios de jovens à série “13 Reasons Why”
Segundo a pesquisa, suicídios de meninos na faixa etária entre 10 a 17 anos aumentaram quase 29% depois que a série foi lançada
atualizado
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Um estudo americano publicado na revista Journal of Child and Adolescent Psychiatry constatou que o índice de suicídios entre meninos dos 10 aos 17 anos de idade aumentou quase 29% nos EUA nos 30 dias que se seguiram ao lançamento da primeira temporada da série “13 Reasons Why”, da Netflix, em 2017. O pano de fundo é o suicídio da adolescente Hannah.
A pesquisa foi realizada em conjunto por diversas universidades, hospitais e o Instituto Nacional de Saúde Mental (INSM). A análise levou em conta as tendências de variação nas taxas de suicídio no país. Segundo os pesquisadores, o mês analisado (abril de 2017) registrou o maior percentual de suicídios nessa faixa etária, em cinco anos.
“O suicídio é um problema em todo o mundo e é difícil reduzir esses números”, disse Lisa Horowitz, uma das autoras, em entrevista ao New York Times.
Os suicídios são a terceira causa de mortes na faixa etária entre 10 e 24 anos. São registrados cerca de 4,6 mil casos por ano, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principalmente entre vítimas dos sexo masculino.
Apesar de bastante relevante, o estudo tem limitações. Foi identificada uma correlação entre o aumento dos índices e a estreia do programa, mas o trabalho científico não chega a apontar o enredo como o único causador deste aumento. A conclusão da pesquisa é que a história da Netflix pode sim ter a ver com o aumento.
A série “13 Reasons Why” tem duas temporadas disponíveis no serviço de streaming e a terceira está em produção. A partir da divulgação da segunda temporada, o programa passou a incluir uma mensagem de alerta antes de cada episódio em que seu elenco diz que o programa pode não ser adequado para pessoas que enfrentem questões como abuso sexual, vício em drogas e suicídio.
Em nota, um porta-voz da Netflix afirmou que eles estão analisando a pesquisa. “É um tema de extrema importância e temos trabalhado muito para assegurar que estamos lidando de maneira responsável com essa questão sensível”.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida – problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar você. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.