“Estamos em guerra contra o vírus, não uns contra os outros”, diz OMS
Diretores da entidade acreditam que não é hora de apontar dedos, mas de trabalhar juntos contra a Covid-19
atualizado
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Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (26/3), os diretores da Organização Mundial de Saúde (OMS) tentaram colocar panos quentes nas tensões entre países e governantes acerca da pandemia de Covid-19.
“Estamos em guerra contra o vírus, não uns contra os outros. O objetivo comum é acabar com o coronavírus. Há várias tensões, fogo-amigo de vez em quando, as pessoas estão exaustas, mas todos os líderes que trabalham conosco sabem que só podemos sair disso juntos. Vamos ter alguns meses difíceis daqui para a frente”, afirma Bruce Aylward, conselheiro sênior do diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Michael Ryan, diretor de emergências da agência internacional, explica que a OMS enxerga o mundo em uma perspectiva maior e que, na vasta maioria dos casos, os líderes têm tentado fazer o que é melhor para o seu povo. “É ir longe demais dizer que há líderes agindo contra o próprio povo. As pessoas podem errar”, diz.
Para Mariângela Simão, diretora-assistente para a distribuição de medicamentos e vacinas, hoje há muitas informações sobre o coronavírus, e é preciso pensar em políticas públicas baseadas em evidências.
“Estamos mais equipados, sabemos quais remédios ajudam e quais orientações salvam vidas. É muito fácil apontar dedos e dizer o que está errado, temos que olhar para a frente e ter certeza que nossas ações são baseadas na ciência”, afirma.
Igualdade nas vacinas
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, voltou a falar sobre a falta de igualdade na distribuição de vacinas. Ele lembra que foi proposta uma meta de dar início à vacinação em todos os países do mundo nos 100 primeiros dias de 2021. Faltam 15 dias para o final do prazo e 36 países ainda não começaram a imunizar a população — 16 devem receber as doses pelo Covax Facility nos próximos dias, mas 20 ainda seguem sem previsão.
“Estamos prontos para entregar, mas não temos vacina. O nacionalismo, compras paralelas, proibição de exportação criaram distorções no mercado e atrasam milhares de doses da Covax. Para resolver o problema, precisamos de pelo menos 10 milhões de doses doadas”, afirma o diretor-geral.
A ideia é que países que adquiriram grandes quantidades de doses, ou que já estejam com a vacinação adiantada façam a doação para os países que precisam “desesperadamente” de imunizantes. “É uma decisão política difícil, e os governos vão precisar do apoio da população. Não é uma meta difícil, e nem perto do suficiente, mas é um começo”, diz Ghebreyesus.
Ele também fez um alerta sobre vacinas falsificadas, tentativas de golpes e até a compra de doses na Dark Web. O diretor-geral pediu que os serviços de saúde tenham cuidado ao descartar os recipientes de vacina, para evitar que sejam usados para contrabando de imunizantes ou golpes.
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