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“Estamos caminhando para o fim da pandemia”, diz Julio Croda

Pesquisador da Fiocruz avalia que os próximos meses serão marcados por eventuais repiques de casos, porém, com menor gravidade

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Reprodução/Zoom
Julio Croda
1 de 1 Julio Croda - Foto: Reprodução/Zoom

Após mais de dois anos convivendo com o coronavírus, o Brasil volta a sentir novamente um senso de normalidade com a queda da obrigatoriedade do uso de máscara e distanciamento social. Com o relaxamento das medidas e a queda de casos, muitos já acreditam que chegamos, enfim, ao fim da pandemia da Covid-19.

Em entrevista ao Metrópoles, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, à frente de importantes pesquisas sobre o cenário epidemiológico da Covid-19 e a resposta às vacinas, afirmou que a pandemia ainda não acabou, mas estamos próximos de ver esse cenário se concretizar.

“Ainda acontecem muitos óbitos em todo o mundo, a distribuição de vacinas permanece desigual, mas – mesmo com o surgimento de novas variantes – estamos caminhando para o fim da pandemia”, acredita Croda.

Nessa terça-feira (12/4), o Brasil registrou a menor média móvel de mortes por Covid-19 em 90 dias. O país está há 12 dias com a média abaixo de 200, com indicadores que sinalizam a queda expressiva de casos da infecção.

A tendência de diminuição do número de mortes é observada globalmente. Nos últimos sete dias, foram registrados 21.480 óbitos em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 2020, 6.190.349 pessoas faleceram em decorrência do coronavírus.

Na avaliação do pesquisador da Fiocruz, os próximos meses da pandemia serão marcados por eventuais repiques de casos, no entanto, com menor gravidade que nas ondas anteriores. Para controlar de vez o vírus, ele pondera que é necessário apostar na imunização da população que ainda não teve acesso às injeções.

“Temos que avançar com a vacinação de duas doses, principalmente na África, e a dose de reforço entre os mais vulneráveis“, diz.

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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem
Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente
Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada
Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes.  O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma
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Diante do cenário de pandemia e da ampliação da dose de reforço, algumas pessoas ainda se perguntam qual é a importância da terceira dose da vacina contra a Covid-19

Istock
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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente

Tomaz Silva/Agência Brasil
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Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada

Hugo Barreto/Metrópoles
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Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes. O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova

Westend61/GettyImages
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O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Um estudo conduzido pela University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, no Reino Unido, mostrou que pessoas que receberam duas doses da AstraZeneca tiveram um aumento de 30 vezes nos níveis de anticorpos após reforço da vacina da Moderna, e aumento de 25 vezes com o reforço da Pfizer

Arthur Menescal/Especial Metrópoles
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As reações à dose de reforço são semelhantes às duas doses anteriores. É esperado que ocorram sintomas leves a moderados, como cansaço excessivo e dor no local da injeção. Porém, há também relatos de sintomas que incluem vermelhidão ou inchaço local, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, febre ou náusea

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Vale ressaltar que o uso de três doses tem o principal objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e o número de hospitalizações por Covid-19

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Quem decide que a pandemia acabou?

Embora alguns países tenham derrubado as restrições de prevenção à Covid-19 e até mesmo removido a situação de emergência de saúde pública, como os Estados Unidos anunciou nessa quarta-feira (13/4), a Organização Mundial da Saúde (OMS) é o órgão responsável por determinar o fim do estado de emergência de saúde pública.

“Só a OMS determina o fim da pandemia, um evento de impacto global. Ela tem a prerrogativa de entender que caiu para endemia. Um país, isoladamente, não pode decretar o fim da pandemia”, explica Croda.

“O vírus está circulando em todos os continentes, o que vai definir (o fim) é o impacto das vacinas na transmissão. Elas não são esterilizantes (não impedem a infecção) e isso se tornou mais evidente com a Ômicron“, continuou.

Na última segunda-feira (11/4), membros do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional da OMS, responsável por avaliar o cenário da pandemia, concluíram que ainda não é o momento de rebaixar a classificação da Covid-19. A decisão foi anunciada nessa quarta-feira (13/4).

Embora o cenário seja otimista, os membros do comitê entenderam que a Covid-19 ainda afeta negativamente a saúde das populações em todo o mundo, e há um risco contínuo de disseminação internacional. Por isso, existe a necessidade de uma resposta coordenada entre os países.

O vírus vai desaparecer?

É improvável que o vírus desapareça, mas deve se tornar endêmico em breve. Ou seja, ele continua a circular, mas em níveis mais baixos e provocando doença menos grave, assim como ocorreu com o vírus influenza após o surto de 2009.

Até lá, os grupos mais vulneráveis à infecção do coronavírus, principalmente os idosos e pessoas com imunossupressão, devem continuar se cuidando.

“Eles têm que entender que a exposição (ao vírus) sem uso de máscara pode acarretar em infecção. É preciso completar a vacinação do esquema básico e tomar a dose de reforço”, afirma Croda.

Como acabar com a pandemia?

A terceira edição do “Plano de preparação, prontidão e resposta estratégica para acabar com a emergência global da Covid-19 em 2022”, publicado pela OMS no fim de março, pontua cinco estratégias que os países devem adotar:

  • Vigilância, laboratórios e inteligência de saúde pública;
  • Vacinação, saúde pública e medidas sociais e comunidades engajadas;
  • Atendimento clínico para Covid-19 e sistemas de saúde resilientes;
  • Pesquisa, desenvolvimento e acesso equitativo a ferramentas e suprimentos;
  • Coordenação, à medida que a resposta passa de um modo de emergência para o gerenciamento de doenças respiratórias a longo prazo.

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