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“Minhas crises de enxaqueca eram problema de coluna”, diz socióloga

Neurocirurgião e fisioterapeuta explicam relação da má postura com a enxaqueca e como alguns exercícios podem ajudar o paciente

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Imagem colorida de mulher vestida de azul sorrindo para a câmera - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de mulher vestida de azul sorrindo para a câmera - Metrópoles - Foto: Arquivo Pessoal

A socióloga Raquel Suely da Conceição, 33 anos, de São Paulo, tinha dores próximas à cervical e enxaqueca desde a adolescência. Ela lidou com os problemas por anos, e reparou que o incômodo era maior em situações de estresse. Porém, foi só na pandemia que ela descobriu que as dores de cabeça eram causadas por um problema na coluna.

“Os exames apontaram que eu nasci com algumas vértebras fundidas mas, a princípio, essa má formação explicava apenas as dores na cervical”, conta.

A enxaqueca continuava sem explicação e, durante a pandemia, o cenário se agravou. Com o estresse gerado pela emergência sanitária e a transição do trabalho presencial para o home office, Raquel se sentia enjoada por conta das dores de cabeça e não conseguia dormir com o desconforto. Foi quando decidiu procurar ajuda.

Ela passou por neurologistas e ortopedistas. Todos receitavam remédios, mas eram apenas cuidados paliativos e não impediam as eventuais crises. Em 2021, Raquel lembra que ficou sem parte dos movimentos depois de uma crise.

“Precisei ser afastada do meu emprego porque não conseguia me movimentar. Eu não podia mexer a cabeça e os braços, que formigavam muito. Tratei com anti-inflamatórios e analgésicos, até que um especialista em coluna me sugeriu que a enxaqueca podia ser em decorrência da minha má postura e recomendou procurar um fisioterapeuta”, conta a socióloga.

Cefaléia tensional

Segundo o neurocirurgião de coluna Márcio Vinhal, do Hospital DF Star, em Brasília, a enxaqueca associada à má postura não é um quadro raro. A condição é chamada de cefaléia tensional e tornou-se mais comum depois da pandemia, com o aumento do número de pessoas em home office.

“As pessoas pararam de ir para a academia e passaram a trabalhar em casa sem cuidados ergométricos. A má postura causa a compressão da coluna cervical, o que sobrecarrega as articulações e desgasta a estrutura óssea. Essa degeneração, por sua vez, pode atingir os nervos e causar uma dor que irradia tanto para os braços quanto para a cabeça”, explica Vinhal.

Em casos congênitos, o médico afirma que as cirurgias são descartadas e o ideal é procurar formas de ajustar a coluna do paciente. A fisioterapia, musculação, descanso ideal, cuidados ergométricos e técnicas como a acupuntura são algumas formas de estimular o posicionamento certo.

No caso de Raquel, a má formação congênita que era responsável pelas dores na cervical foi agravada pela má postura, causando as enxaquecas.

Imagem colorida de de exame de imagem que mostra nervo comprimido - Metrópoles
A cervical comprimida por muito tempo pode causar degeneração das articulações e atingir os nervos da coluna, o que causa dor

Exerícios que aliviam

A socióloga buscou a fisioterapia e entendeu a importância de se policiar quanto à postura. “Preciso ter atenção para não comprimir minha cervical por muito tempo enquanto estou sentada, em pé e até dormindo. Realizo exercícios passados pelo fisioterapeuta todos os dias. Eles aliviam as dores e prevenem as crises”, conta.

Segundo o fisioterapeuta Abnel Alecrim, os exercícios restabelecem a funcionalidade dos músculos, discos, nervos e das articulações do pescoço.

“Um dos exercícios é o de retração da cabeça e pescoço na posição sentada, em que a pessoa pressiona cuidadosamente o queixo para trás, o que ajuda a descomprimir os nervos espinhais do pescoço e da nuca, diminuindo e abolindo as dores de cabeça. O paciente pode apresentar melhoras da cefaleia em apenas uma semana de atividades”, explica Abnel.

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