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Entenda por que tomar vacina não é uma decisão pessoal, mas coletiva

Imunização não protege apenas quem recebe a injeção, mas também as pessoas que não podem, por motivo de saúde, tomar o medicamento

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Foro colorida de um homem de luva se preparando para aplicar uma vacina - Metrópoles
1 de 1 Foro colorida de um homem de luva se preparando para aplicar uma vacina - Metrópoles - Foto: Karl Tapales/Getty Images

A notícia mais aguardada pela maioria da população é o dia em que a vacina contra a Covid-19 será considerada segura e eficaz o suficiente para imunizar a população e a vida voltar ao normal. Porém, para o vírus ser completamente controlado, não basta apenas ir ao posto de saúde tomar a injeção – a vacina é um compromisso coletivo, não só pessoal – e a maioria da população precisa estar imunizada para o coronavírus parar de circular.

Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunologia (Sbim), conta que, na história da humanidade, apenas a varíola foi completamente erradicada. A poliomielite está quase lá: a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou, no último mês, que não há mais vírus circulando na África e, no momento, apenas dois países têm casos da doença.

No Brasil, tétano neonatal, rubéola e síndrome congênita da rubéola, febre amarela, difteria, meningite e sarampo são alguns exemplos de enfermidades controladas pelas vacinas.

Nos últimos anos, a cobertura vacinal caiu muito (pela escassez de medicamento e pela confiança na não incidência de doenças que aterrorizavam o mundo, mas quase não existem mais). Por isso, o Brasil perdeu o selo de controle do sarampo e viu vários casos pipocarem no último ano.

A discussão sobre a vacinação ganhou um novo fôlego após o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), dizer que uma imunização contra a Covid-19 não será obrigatória – no calendário adulto, no momento, nenhuma vacina é obrigatória. Espera-se o “bom senso” do paciente.

Porém, a fala do chefe do Executivo causou desconforto e algumas pessoas passaram a repensar a imunização. O movimento antivacina não é forte e organizado no Brasil, segundo Mônica, mas a disseminação de medo pelas redes sociais pode causar problemas. “Não ajuda em nada a nossa cobertura vacinal. As pessoas ficam confusas, paralisadas. Chamamos de hesitantes. Não são antivacinistas, só pessoas com medo”, explica.

Para a professora Anamélia Lorenzetti Bocca, coordenadora do laboratório de Imunologia Celular no Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB), a educação é o caminho para a adesão. “A maioria das pessoas quer a vacina e está disposta a tomar. Se fizermos uma campanha explicando como foi desenvolvida, esclarecendo os mínimos efeitos colaterais, agregaremos mais pessoas”, afirma.

Imunidade de rebanho

Segundo as duas especialistas, a imunidade de rebanho, um conceito cada vez mais popular, é mais importante quando se fala de vacinas do que de contaminação. Ele diz respeito à porcentagem da população necessária para imunizar e acabar com a circulação do vírus  — cada doença tem um número diferente. Algumas estão entre os 85% e 95%, mas ainda não há consenso sobre o número para a Covid-19.

A melhor maneira de chegar a este percentual é vacinando a população. O ideal é que todas as pessoas passíveis de contágio sejam imunizadas, mas algumas não podem se vacinadas. É o caso de pessoas imunossuprimidas ou com algum problema de saúde que inviabilize o uso de vacinas. Se a porcentagem for atingida, o vírus para de circular e essas pessoas também ficam protegidas.

“A vacina dá recursos para o organismo combater eficientemente o vírus quando o paciente entrar em contato com ele. Com a imunidade coletiva, evitamos que o vírus infecte outras pessoas e morra no hospedeiro. Quem toma a vacina não está só se protegendo, como também as pessoas que não podem tomar a imunização”, explica Anamélia.

Porém, mesmo com a população imunizada corretamente, o coronavírus não desaparecerá de um dia para o outro. A professora conta que a poliomielite, por exemplo, só está em processo de erradicação agora, enquanto a vacina para a doença existe desde os anos 1960. “Mas o desaparecimento não é o ponto principal. É proteger as pessoas e evitar que o vírus faça a cadeia de transmissão. Assim, o micro-organismo não vai mais causar surtos e mortes”, explica.

No caso da Covid-19, se não houver cobertura vacinal suficiente, é possível, sim, tornar a imunização obrigatória pelo interesse coletivo. Mas as duas especialistas acreditam que não seria a situação ideal e não deve acontecer durante este governo.

A OMS se posicionou sobre a importância da vacinação e o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu para as pessoas que estão com dúvida se deveriam tomar ou não a imunização se informarem sobre a importância histórica das vacinas antes de tomar uma decisão.

Segundo estimativas do órgão, a vacinação em massa evita pelo menos quatro mortes por minuto ou um total de 2 milhões de vidas por ano. A Universidade de Oxford é um pouco mais otimista e estima 5 milhões de pessoas salvas anualmente ao redor do mundo.

De acordo com uma pesquisa de 2017 da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, entre 2001 e 2020, economizaram-se US$ 350 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhão) em custos com tratamento graças à vacinação.

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