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Entenda como desequilíbrios hormonais afetam a saúde mental

Falta ou excesso de hormônios e uso de medicamentos podem afetar a libido, causar alterações de humor e desencadear sintomas depressivos

atualizado

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Elva Etienne/Getty Images/Foto Ilustrativa
adolescente depressão
1 de 1 adolescente depressão - Foto: Elva Etienne/Getty Images/Foto Ilustrativa

Ainda que a pandemia de coronavírus tenha contribuído para agravar os sintomas de pacientes com transtornos mentais, nem sempre o ambiente exterior é o único culpado. Segundo o endocrinologista Filippo Pedrinola, fatores fisiológicos também podem atuar nesse processo, como o desequilíbrio hormonal ou o uso de medicamentos.

O especialista, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Associação Brasileira de Estudos sobre Obesidade (ABESO) e da The Endocrine Society dos Estados Unidos, explica que um dos exemplos mais comuns do impacto dos hormônios na saúde mental é o uso de anticoncepcionais.

“Há um subgrupo de mulheres nos quais a pílula anticoncepcional, em pequenas quantidades, pode induzir a um quadro depressivo”, justifica o médico. Além disso, o medicamento também afeta diretamente a produção de vitamina B6 no organismo, substância responsável pela produção de neurotransmissores. “Quando estes não atuam da maneira correta, o humor pode mudar consideravelmente”.

O hipotireoidismo, doença caracterizada pela deficiência de hormônios da tireoide, é outro exemplo de enfermidade metabólica que pode afetar o comportamento. Os próprios sintomas da doença, como cansaço, alteração do sono, desânimo, ganho de peso, fraqueza e perda de libido, são parecidos com o de pessoas que desenvolvem um quadro depressivo.

“Este fato gera uma certa confusão porque, ao invés de ir a um endocrinologista, ela vai a um psicólogo ou psiquiatra, e, muitas vezes, o tratamento indicado por estes profissionais não resolve o problema do paciente, visto que eles estão em outra esfera”, justifica Pedrinola.

Para estes casos, a recomendação do especialista é que, além do tratamento psicológico, o paciente procure um endocrinologista para a realização de exames de função tireoidiana. A indicação é especialmente válida para pessoas sem histórico de sintomas depressivos.

O acompanhamento simultâneo é importante porque, de acordo com dados do Departamento de Tireoide da SBEM, cerca de 30% dos pacientes com depressão apresentam hipotireoidismo e, por outro lado, 50% dos pacientes com hipotireoidismo são depressivos.

Deficiência hormonal masculina e estresse

Em homens, o desequilíbrio hormonal também pode influenciar no humor, mais especificamente, aumentando o nível de estresse. Uma das doenças caracterizada pela baixa produção de hormônios sexuais em homens, o hipogonadismo, também pode causar sintomas parecidos com os da depressão, entre eles a falta de energia e a queda de libido.

“É muito comum que os homens desenvolvam o hipogonadismo em decorrência do estresse crônico, e, por mais que os exames laboratoriais indiquem normalidade, é interessante avaliar outros parâmetros, porque isso pode estar influenciando nas queixas de baixa libido ou falta de energia”, explica Pedrinola.

Ainda que a taxa de testosterona do homem esteja dentro dos limites da normalidade, é necessário analisar índices correspondentes aos hormônios SHBG ou prolactina por meio de exames laboratoriais, segundo o endocrinologista. Isso porque situações de estresse fazem com que a glândula hipófise aumente a produção do hormônio prolactina, que tem relação direta com a queda da testosterona.

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