Entenda como funciona a polêmica pílula de rejuvenescimento de Harvard
Pílula que reúne vários compostos seria capaz de reverter o envelhecimento. Comunidade científica aponta que resultados ainda são fracos
atualizado
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Um pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, está causando polêmica na comunidade científica depois de publicar em tempo recorde um estudo sobre um coquetel de substâncias químicas que poderiam rejuvenescer o paciente.
O microbiologista David Sinclair divulgou a própria pesquisa no Twitter e disse que o estudo era um grande avanço para um futuro onde essas pílulas seriam acessíveis para a população. O dono da rede social, Elon Musk, respondeu ao tuíte e perguntou o que exatamente era a pílula.
“Essa nova descoberta tem potencial para reverter o envelhecimento com apenas uma pílula, com aplicações que vão desde a melhora da visão ao tratamento efetivo de doenças relacionadas à idade”, escreveu o pesquisador, no Twitter.
O estudo foi publicado na revista científica Aging (onde Sinclair é co-editor) e mostra algumas moléculas que poderiam reverter o envelhecimento celular quando combinadas.
Segundo os cientistas, as substâncias podiam restaurar a compartimentalização de proteínas nucleocitoplasmáticas (NCC), essenciais para o funcionamento das células (incluindo células-tronco, ósseas e musculares).
“Os coqueteis restauraram o NCC e os perfis de transcrição de todo o genoma para versões jovens e reverteu a idade biológica em menos de uma semana”, escrevem os responsáveis pela pesquisa em comunicado à imprensa. Eles dizem ainda que o tratamento de quatro dias tem resultados comparáveis aos de um estudo semelhante de 2019, mas que durou um ano.
A pílula foi testada em ratos e nos próprios pesquisadores.
Treta na ciência
O estudo foi submetido à revista Aging no dia 30 de junho, aceito no dia 4 de julho e publicado em 12 de julho. A comunidade científica aponta que o período de uma semana é muito curto para a revisão de pares — principalmente considerando que o dia 4 de julho é feriado nos Estados Unidos.
O fato de Sinclair ser um dos co-editores da publicação também chamou atenção dos revisores.
Especialistas apontam que o estudo de Harvard realmente é interessante e inovador, mas ainda é muito preliminar. Alguns dos compostos já foram apontados por pesquisas anteriores, mas podem trazer problemas de saúde, como danos ao fígado.
“Sinclair diz que o coquetel de substâncias químicas não mudam a identidade da célula, mas eles não fizeram o sequenciamento individual de uma célula para fazer essa avaliação”, escreve o pesquisador Charles Brenner, um dos mais importantes na área de metabologia, no Twitter.
Outro problema na pesquisa é que, no artigo publicado, os cientistas afirmam que só conseguiram modificar a idade de um tipo específico de célula, e não de todo o organismo.
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