Entenda o que é megabexiga, anomalia que levou a aborto em MG
Má-formação rara, megabexiga em bebês traz dificuldades para a sobrevivência após o nascimento. Entendimento levou TJMG a autorizar aborto
atualizado
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O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) autorizou a interrupção de uma gravidez no sexto mês porque o feto apresentava um problema chamado de megabexiga. A mãe já sabia da má-formação e deu entrada no Judiciário depois de constatar a piora do quadro do feto.
A megabexiga congênita acontece quando há crescimento anormal da bexiga do bebê. Essa má-formação afeta em média 1 a cada 1.500 gestações, e é mais frequente em meninos do que em meninas.
Diagnóstico
A megabexiga pode ser identificada ainda no primeiro trimestre de gestação, quando a bexiga do feto apresenta diâmetro de cerca de 7mm. Acima dessa medida, o desenvolvimento de outros órgãos pode ser prejudicado.
Quando a gestação está mais avançada, o diagnóstico é feito quando a bexiga do bebê fica cheia durante os 40 minutos de exame de ultrassom.
Causas
Em muitos casos, o crescimento além do esperado é causado pela obstrução ou má-formação da uretra, que faz a urina ficar retida na bexiga. Assim, há menos líquido amniótico, fundamental para o desenvolvimento do embrião. Nessa situação, o desenvolvimento dos pulmões começa a ser afetado e, em alguns casos, pode ser inviável que a criança sobreviva fora do útero.
O problema também pode ocorrer em casos de fetos cromossomicamente anormais ou com síndrome de Prune-Belly.
Entenda o caso do aborto
O pedido de interrupção da gravidez foi feito neste mês, em Belo Horizonte (MG), dez dias após a notificação da piora do quadro do feto. O bebê já apresentava tamanho bastante reduzido da caixa torácica e dos pulmões.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) manifestou-se contrário à decisão dos pais. O argumento foi que, apesar da alta probabilidade de o feto não sobreviver fora do útero, havia uma possibilidade, mesmo que pequena, de que ele pudesse ser assistido e manejado com terapia renal substitutiva.
Apesar da posição do MP, o juiz Marcelo Paulo Salgado, da 36ª Vara Cível de Belo Horizonte, foi favorável à decisão da gestante. Ele considerou que a megabexiga já vinha causando outras malformações, que inviabilizavam até mesmo a vida intrauterina do feto.
(*) Eline Sandes é estagiária do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia