Saiba como o canabidiol pode ajudar a tratar pacientes com Covid-19
Substância faz parte da composição da maconha, e pode ser consumida na forma de óleo para ajudar no controle de várias doenças
atualizado
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Na busca por medicamentos que ajudem o organismo humano a lutar contra a invasão do coronavírus, mais um remédio vem se mostrando promissor em estudos clínicos. O canabidiol, um dos componentes da maconha, que é muito usado no tratamento de doenças como esclerose múltipla, epilepsias resistentes a medicamentos e em cuidados paliativos do câncer, pode ser capaz de evitar a replicação do vírus e incentivar a resposta imunológica.
De acordo com um estudo feito pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, o canabidiol teria a capacidade de inibir a expressão dos genes do Sars-CoV-2, bloquear a sua replicação nas células epiteliais dos pulmões e induzir a expressão de interferons, proteínas que avisam as células sobre a invasão viral, além de diminuir a ativação das citocinas.
Foram analisados dados de 93 mil pacientes que fizeram teste para Covid-19. Desses, 400 consumiam canabinoides regularmente. Enquanto a porcentagem dos que testou positivo para a doença entre a população geral foi de 10%, o número caiu para 5,7% nos que fizeram uso do medicamento.
Os pesquisadores também estudaram especificamente 82 pacientes que tomavam canabidiol, e compararam os resultados com pessoas que não faziam consumo do remédio, mas são comparáveis em sexo, idade e morbidades. No grupo medicado, 1,2% foi contaminado, enquanto entre os participantes do time de controle, a porcentagem foi de 12,2%.
Segundo os pesquisadores, o canabidiol pode bloquear o Sars-CoV-2 nos primeiros estágios da infecção. Porém, outros estudos são necessários para entender as doses ideais e determinar a capacidade da substância de bloquear o vírus. O estudo foi publicado em versão pré-print, ou seja, não foi revisado pela comunidade científica, no começo do último mês.
Esta não é a primeira pesquisa que explora a relação entre o canabidiol e a Covid-19. Em julho de 2020, cientistas da Augusta University, também nos Estados Unidos, descobriram que a substância reduz a tempestade inflamatória comum em casos graves de Covid-19.
No Brasil, a Associação brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) espera autorização para, junto com a Unicamp e Unifesp, testar o impacto do uso terapêutico do canabidiol contra o coronavírus.
De acordo com Flavio Rezende, neurologista, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor de pesquisa e desenvolvimento da Health Meds, o uso do canabidiol para tratar doenças inflamatórias como a Covid-19 está sendo acompanhado, e há boas expectativas.
Porém, o acesso ao medicamento ainda é complicado no Brasil. O paciente precisa de prescrição médica de controle especial para comprar o medicamento na farmácia, ou pedir autorização excepcional de importação concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Em ambos os casos o médico deve especificar em sua prescrição qual produto a base de cannabis o seu paciente deve consumir, como o nome da substância, sua concentração e o nome do laboratório”, explica o médico.
O canabidiol não tem efeito psicotrópico, ou seja, não causa qualquer alteração na percepção do paciente, e é vendido na forma de óleo extraído da planta. Porém, o preço ainda é bastante salgado, custando mais de R$ 2 mil.
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