Entenda a técnica que coloca pacientes com Covid-19 de bruços
Procedimento visa melhorar a oxigenação dos pulmões de pessoas que estão com dificuldade para respirar
atualizado
Compartilhar notícia
Seguindo uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), muitos centros de urgência têm adotado uma técnica diferente no tratamento de pacientes com Covid-19 que apresentam desconforto respiratório: colocar a pessoa de bruços.
O procedimento é antigo e começou a ser usado nos anos 1970 para aumentar a capacidade dos pulmões de absorver oxigênio. A parte mais pesada dos órgãos fica nas costas e, se o paciente estiver deitado de barriga pra cima, pode ter mais dificuldade em respirar. De bruços, os pulmões têm mais espaço para se expandir e o fluxo sanguíneo é aumentado.
Em entrevista à BBC, o médico italiano Luciano Gattinoni, um dos precursores da técnica, explica que na posição de bruços as forças são distribuídas no pulmão de maneira mais homogênea. “Pense em um pulmão sujeito à energia mecânica do respirador, é como se fosse continuamente chutado. Obviamente, quanto mais essa força é distribuída uniformemente, menos danos ela causa”, diz.
Apesar de parecer simples, o procedimento é delicado: se o paciente for obeso, tiver lesões no peito ou estiver entubado, a mudança pode trazer algumas consequências. Pode ser preciso uma equipe de até cinco pessoas para virar o paciente com segurança, e alguns hospitais estão treinando seus profissionais para usar a técnica.
Segundo a OMS, “a ventilação mecânica em decúbito ventral [posição de bruços] é altamente recomendada em pacientes adultos com SDRA (síndrome de dificuldade respiratória aguda) grave (…). Recomenda-se ventilação mecânica em decúbito ventral por 12 a 16 horas por dia”.